sábado, 27 de dezembro de 2014

NASCIDO PARA AMAR 
 (Palestra proferida por Srila Narayana Maharaja em 17 de maio de 1998 em Washington)

Atualmente tem havido muitos discussões sobre qual o método de se alcançar o nosso objetivo final (sadhya) e toda atenção está colocada nisso. Todavia, temos que decidir primeiro, com clara compreensão, qual é o nosso objetivo. Ora, primeiro devemos decidir aonde vamos e depois é que vem o como chegar lá. Por isso, Srila Krishna das Kaviraja no Cheitanya Charitamrita explicou primeiro prayojana (Adi lila capitulo 3 e 4), ali está qual é o amor e afeição máximos na existência e após ele fala sobre o método de se alcançar esse objetivo (excelso amor). Obviamente o nosso objetivo (prayojana) não é o darshan (visão) de Radha e Krishna. Nunca. Muitos demônios tiveram essa visão. Não é o que buscamos. Nossa ânsia reside no sentir amor e com esse amor servir a Radha e Krishna. O amor que queremos florescer é o amor que as servas de Radha (manjaris) sentem. E essa é a missão de Cheitanya Mahaprabhu, regar a semente do amor nessa direção de serviço a Radha e Krishna. Bhakti-yoga é transcendental mesmo desde o início. Nós temos que nos preparar para o objetivo, servir Radha e Krishna. Bhakti é chamada anyabhilasita sunyam. Você embora esteja executando serviço a Krishna, não consegue ver Krishna, nem sente alguma percepção d’Ele. Ainda assim, você está aí cantando japa, lembrando um pouco d’Ele, mas saiba que mesmo essa bhakti é transcendental. Estamos praticando bhakti com nossos sentidos e corpo na associação com devotos mais qualificados. Você olha para o mundo e vê homens trabalhando arduamente, dia e noite em busca do prazer do mundo, mas sabemos que eles nunca irão conseguir felicidade, por isso seguimos cantando nossa japa e práticas devocionais. Se não está havendo resposta é porque nós não temos uma fé estabelecida. Por isso nossa Bhakti é fraquinha. A questão que emerge em seguida é como melhorar a qualidade de nossa fé? É ouvindo a glorificação dos devotos que possuem tal fé, é retornando a nossa natureza original de amar, mudando nossos hábitos e colocando-nos no serviço de um shuddha Vaishnava, e pela influência de tal vaishnava maya será erradica rapidamente e você poderá servir a Suprema Personalidade de Deus feliz para sempre. Foi para isso que Cheitanya Mahaprabhu veio, ele não veio para matar demônios e sim para nutrir essa capacidade de amar e de sentir afeto. Todos nós temos que estar preparados para isso. Nós viemos da tatastha shakti (energia marginal), assim a potência prema está inata, não amadurecida, em uma forma constitucional coberta. Isso é fácil de constatar, se pensamos que estamos separados de Krishna podemos tentar sentir isso. Todavia Mahaprabhu destaca que nayanam galad asru dharaya, vadanam gadgada ruddhaya gira ... quando esse dia chegará que ao cantar os nomes de Krishna chorarei pesarosamente e meu corpo apresentará sintomas de amor (sattvika bhavas). Essa é a percepção de que se está realmente separado de Krishna. Nós apenas temos conhecimento intelectual disto; estou separado de Krishna "e até posso querer chorar, mas as lágrimas não vêem. A propensão de amar e de se zangar são manifestações do amor. Às vezes o amor se expressa na zanga. Vemos Yashoda amamentando e acarinhando seu filho, Krishna, mas às vezes a vemos puxando Suas orelhas. É a mesma coisa. Isso provém da natureza própria da alma de amar. Às vezes Krishna desaparece da dança da rasa e as gopis ficam procurando por Krishna, como alguém vai sentir o que é separação se não tiver contato direto. Se a mãe não estiver ligada ao seu filho por amor, não poderá sentir nenhuma saudade quando ele for embora. A nossa situação (de alma, jiva) é que nunca soubemos o que é o amor. Se uma criança se separa de seus pais, tal criança necessariamente vai sentir saudades, o relacionamento vai estar lá. Se não há saudade é porque o amor não existe e sem amor não há saudade. Assim temos que tentar desenvolver esses sentimentos ouvindo todos os passatempos de Radha e Krishna e Gouranga Mahaprabhu. Essa é a única maneira para progredirmos na direção do amor. Essa é a misericórdia sem causa de Cheitanya Mahaprabhu. Por isso temos que nos esforçar para chegar a uttama bhakti. Krishna das Kaviraja escreveu muitas literaturas vaishnavas, Cheitanya Charitamrita, Govinda Lilamrita etc., ele mesmo estava temeroso no início; são livros tão elevados, as pessoas não serão capazes de compreender-los, todavia, ele sabia que se não escrevesse os devotos sofreriam por isso ele escreveu e considerou que não-devotos sequer leriam esses livros, pois não teriam gosto por tal literatura e não se sentiriam atraídos. Qual o devoto que não sente seu coração nutrido pelas histórias de Krishna na dança de rasa com as gopis? Krishna estava dançando e cantando, mesmo as semideusas com seus maridos estavam lá observando e tocando instrumentos musicais a partir de seus veículos voadores. A voz de Krishna se juntou a voz de Lalita e das outras sakhis. O próprio Krishna começou a dançar como nunca se havia visto e nunca se ouvira falar e doces canções emanavam. As tornozeleiras e cintos badalavam seus sinos suavemente acalentando a mente das gopis com as doçuras espirituais. Foi formado um círculo, as gopis batiam palmas. Então Krishna cantou uma canção descrevendo o semblante de Sri Radharani e após, uma depois da outra, as gopis dançavam, nem mesmo prema, a personificação do amor divino, poderia descrever essa cena. Krishna estava em contato com cada uma delas (união), de repente, desapareceu do meio das gopis na dança da rasa. Todas as gopis estavam sofrendo de saudade e enlouqueceram totalmente, elas diziam: Onde está Krishna? O que ele foi fazer? Só nos resta morrer! Assim, elas choravam às margens do rio Yamuna. Ali onde estavam não havia árvores, a lua iluminava as areias brancas da praia. Todas se lamentavam: - "Nós deixamos tudo por Você, deixamos nossa mãe, nosso pai, irmãos e maridos. Deixamos nossos filhos, tudo. E mesmo assim você nos deixou desamparadas nessa floresta horrível". Os devotos têm que se preparar para isso desde o início até o ponto que o nosso bhakti flua dia e noite como uma corrente de um rio de mel, aí o bhakti amadurece gradativamente de svarupa shakti, para shuddha sattva, prema bhakti e svarupa siddhi (até aqui o desenvolvimento é possível mesmo estando nesse corpo grosseiro) após vem o estágio de vastu siddhi (quando se nasce em Vrindavana no ventre de uma Gopi onde Krishna estiver executando seus passatempos) daí segue-se prema, sneha, mana, pranaya, raga, anuraga, anubhava e mahabhava (amor puro por Krishna, afeto, ciúme, conservar-se, apego, emoções espirituais dentro do coração, o mais elevado estágio de amor divino) Naquilo que pusermos nossa energia iremos fazer progresso. Se você não puser toda sua energia na direção de Radha e Krishna, então como poderá vivenciar isso. Esse é o mano vista (desejo íntimo) de Caitanya Mahaprabhu.

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sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Swarupa-Manjari
 (Um néctar legado por Srila B. V. Narayana Maharaj)

Os devotos ouviram pessoalmente de Srila Sridhar Maharaja: "quantos Prabhupadas vocês estão dispostos a conhecer?" Os discípulos de Bhaktisidhanta Sarasvati Thakura chamam-no de Prabhupada. Assim, há muitos Prabhupadas. E somente um Prabhupada pode avaliar a condição espiritual de outro Prabhupada. Há Prabhupadas que se auto-revelaram  como Bhaktivinodha Thakura que revelou ao mundo no seu livro Guitamala a sua forma feminina, que é adequada para servir o Casal Divino Yugala Kisora Radha-Krsna, como sendo Kamala Manjari. Vemos na obra de Puri Maharaja, discípulo sênior de Bhaktisidhanta, revelando a forma manjari de Bhaktisidhanta como Nayana manjari. O Guru sannyasi de Srila Prabhupada, Srila Bhakti Prajna Kesava Maharaja foi revelado como Vinoda Manjari e Srila Prabhupada, Bhaktivedanta Swami Prabhupada? Vejamos o que diz outro Prabhupada, Bhaktivedanta Narayana Maharaja com base no fato público e notório que a canção de Bhaktivinodha Thakura Jaya Radha Madhava era cantada antes de todas suas aulas/palestras como uma particularidade muito pessoal, pois nenhum dos discípulos de Bhaktisidhanta, nem o próprio Bhaktisidhanta cantava essa canção antes das aulas: "alguns propagam a idéia que Swamiji (Srila Prabhupada) tem a posição de sakhi-rasa (de amigo). Porém nenhum dos amigos de Krsna podem glorificar Krsna com as palavras, jaya kunja bihari" por que não podem? porque não têm esse direito. . ‘Jaya radha-madhava.’ ‘Jaya kunja bihari,’ especialmente essa parte. Por essa razão eu disse que Swamiji não está na rasa de amigo. Srila Bhaktivinodha Thakura escreveu tantas poesias colocando Krsna como filho, em dasya-rasa, sakhya-rasa, vatsalya-rasa, porém ele era Kamala-manjari. Do mesmo modo Swamiji compôs algumas poesias em ocasiões especiais, com finalidade especial na rasa de amizade. Porém, como poderia Swamiji glorificar Krsna diariamente com as palavras jaya kunja bihari se fosse apenas amigo (rasa) ‘Yamuna-tira-vana-cari,’ o que isso significa, há algo muito profundo. Não tem relação com vaqueirinhos e vacas no Yamuna. O que ocorre? Krsna está esperando. O que? oh, espera as gopis que virão pegar água no Yamuna. Na realidade não é a água que as gopis vão buscar no Yamuna. O que é? Elas vão pegar o néctar do amor e devoção no pote de seus corações. Assim, quando as gopis chegam ao Yamuna, esperam por Krsna, e Krsna também espera por elas e ninguém está ansioso de pegar a água do Yamuna, Elas querem encher o pote de seus corações com amor e afeto e por isso estão ansiosas. Assim mesmo que voltem sem a água, estarão cheias de amor e afeto no coração. Isso é o que significa "yamuna-tira-vana-cari" - sempre muito ansiosas em ir às margens do Yamuna. Por que no Yamuna? oh, lá há um local de encontro. Eles haviam marcado 'Nós nos encontraremos lá' . Esse é o significado muito , muito profundo. ‘Vanacari’ no seu significado externo quer dizer 'semelhante a animais". vana-cari quer dizer ir à floresta, como pessoas de baixa classe, irreligiosas. Porém aqui ‘vanacari,’ aqui ‘vana’ significa Vrndavana. Extremamente gloriosa, o belo jardim, de quem? De Vrinda devi. há tantas bosques, veredas, muitos e muitos kunjas. Por que tantos kunjas? Um kunja é o suficiente para o encontro entre Radha e Krsna, porém Srimati Radhika não ficará satisfeita. Por quê? Quando Ela estará satisfeita? Radhika deu a cada sakhi um kunja separado e com astucia Ela dará a chance a todas as sakhis que Krsna possa se encontrar no kunja. Por isso aqui vem ‘yamuna-tira,’ esses bosques de Vrindavana são muito belos, feitos por Vrinda devi para o encontro conjugal, para encontrar com todas as gopis. Vana cari - Krsna está acostumado, mesmo dormindo, sem sentidos, Seus pés estão tão habituados que mesmo como sonâmbulo Ele vai para lá. Assim vanacari significa encontrar com as gopis. Quem são as gopis? Elas nunca se separam de Krsna, não podem. É possível separar o calor do fogo? entendem? O calor é a vida e alma do fogo, sem calor não há fogo. Eles são uma mesma coisa, você não pode separá-los, por isso no Chaitanya Charitamrita adi 1.5 está dito:

radha krsna-pranaya-vikrtir hladini saktir asmad
ekatmanav api bhuvi pura deha-bhedam gatau tau
caitanyakhyam prakatam adhuna tad-dvayam caikyam aptam
radha-bhava-dyuti-suvalitam naumi krsna-svarupam

“Os encontros amorosos de Sri Radha e Krsna são manifestações transcendentais da potencia interna outorgadora de prazer do Senhor. Embora Radha e Krsna sejam um em Suas identidades, Eles se separam eternamente. Agora essas duas identidades outra vez se juntaram na forma de Sri Krsna Caitanya. Presto minhas reverencias a Ele, que Se manifestou com o sentimento e compleição de Srimati Radharani embora Ele seja o próprio Krsna.”
Assim Potente e Potencia são o mesmo. Como eu disse fogo e calor. Não se pode dividir. , Assim Krsna e Seu poder, ambos são um.
assim Radha e Krsna de fato não são dois, porém no mundo de maya estamos habituados a que seja um dos dois, sakti e saktiman. Porem as escrituras nos advertem "Não pense que Radha e Krsna estão separados. Srimati Radhika é feminino e Krsna é masculino. Ele é o amante e ela a amada, Não pense assim, Você pensa assim, porém não é assim.
Krsna é muito poderoso Srimati Radhika é muito poderosa. Eles são o mesmo. Os dois corpos é apenas para desfrutar vilasa. Vilasa significa saborear a felicidades d'Eles. Vocês não podem imaginar.

Parece que Radha e Krsna são duas entidades separadas, amado e amada, como luxúria. Este tipo de pensamento necessariamente vem para aqueles que são almas condicionadas. Porem não devemos pensar assim. Eles de fato não estão separados. Apenas por misericórdia, para borrifar misericórdia sobre as pessoas do mundo, Eles se tornaram dois. E quando Eles se tornam um, é chamado de Caitanya Mahaprabhu e quando são dois: Radha e Krsna. Mas o que vem primeiro? Primeiro Ele é Um e depois Dois, ou será que Dois vem primeiro e Um vem depois. Quem vem primeiro? Nenhum vem primeiro, é cíclico, ambos são eternos. Vocês devem tentar realizar. Não é para pessoas comuns, iniciantes. Só os mais elevados. Não é para Prahlada Maharaja, ele é bhagavata, mas não é para ele. Nem para Hanuman, nem para os Pandavas, nem Uddhava."

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domingo, 21 de dezembro de 2014

Néctar de Srila Sridhar Maharaj

Extraído de uma conversa informal de Srila Sridhar Maharaj, ocorrida em 18 de maio de 1982, no Sri Caitanya Saraswat Math,  Navadwip - Índia.

Pergunta do devoto: Maharaj,  Como deve ser o eforço do sadhaka na prática de  vaidhi-bhakti?
Resposta de Sridhar Maharaj: Em vaidhi-bhakti o praticante deve seguir o programa como é recomendado nos Shastras e pelos Sadhus.  Com o tempo,  a pessoa irá de forma gradual encontrar  seu  próprio solo, e descobrir que está ganhando algum  terreno. Isso vai encorajá-­lo a continuar seu esforço em direção daquele reino mais elevado. E será ampliado quando ruchi (gosto consciente) se manifestar. Até o surgimento de ruchi o devoto pode submeter-se a algum programa pelo sadhu e shastra e obterá progresso com essa ajuda. Sravana-dasa (estágio de  escutar), varana-dasa (estágio de seleção) até o apana-dasa, o devoto dar-se-á ao incômodo dos problemas da vida prática ou sadhana-dasa. Quando o plano da auto-realização ou apadana-dasa iniciar, ele próprio será a garantia de  sua atividade. Sentirá isso por sí mesmo - bhava-bhakti - e  não será tirado desta posição.  Ele sentirá, "Estou vivenciando um típico romance de êxtase. De ruchi se progride para asakti (apego) e Bhava.
Através do serviço podemos obter coisas elevadas. Há muita coisa a ser considerada. Sacrifício, e ter. Pague por isso. Não o pagar em termos de dinheiro ou essas coisas. Mas em termos de sua própria pessoa. Render-se e ter. Dar, e conseguir. De como você dá, obterá algo similar.

ye yatha mam prapadyante
tams tathaiva bhajamy aham
mama varttmanuvarttante
manusyah partha sarvavasah

Efetivamente, disse o Senhor, " Não existe ninguém além de Mim; assim, mesmo que as pessoas paguem com coisas insignificantes, Eu dou-lhes na mesma  proporção."  Portanto, tudo culmina em Seu dizer final. Este é o  Seu jogo. "Mas, aqueles que seriamente Me querem — eles também têm que pagar por isto." Mas Ele é o Todo em Si mesmo. Ele dá inteiramente a si mesmo. Como Ele se dá, assim eles O consguem. Mostre o seu pequeno capital — você obterá Ele em retorno.

Srila Sridhar Maharaj, Ki Jay!!!

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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

QUALIFICAÇÕES DE UM DISCÍPULO

Aqui Krishna estabelece um padrão pelo qual poderemos compreender, de uma fonte fidedigna, o que é o que. O critério para medir a verdade ou a inverdade não deve provir de um plano vicioso e vulnerável, mas de um plano real. Para compreender isso, devemos possuir estas três qualificações: pranipat, pariprasna e seva. Pranipat significa que devemos render-nos a esse conhecimento, pois não se trata de um conhecimento ordinário, que possamos, como sujeitos, torná-lo nosso objeto, Ele é supra-subjetivo. Neste mundo material podemos ser os sujeitos, porém temos que nos converter em objetos para ser manipulados pelo supra conhecimento daquele plano.
Pranipat significa que a pessoa se aproxima de um mestre espiritual, dizendo-lhe: "Encerrei a experiência deste mundo externo. Não me sinto encantado por nada que pertença a este plano através do qual tenho viajado. Agora me ofereço exclusivamente em seu altar. Desejo obter sua graça". É nesse espírito, que devemos nos aproximar deste conhecimento superior.
Pariprasna significa indagação honesta, sincera. Não devemos questionar com tendência à discussão ou em humor de controvérsia, senão que todos nossos esforços devem concentrar-se em uma linha positiva para compreender a verdade, sem espírito de dúvida e suspeita. Devemos tratar de entender essa verdade com plena atenção, porque provem de um plano mais elevado de realidade, que nunca conhecemos.
Por último, encontra-se sevaya, ou serviço. Esta é a coisa mais importante. Não tentamos receber este conhecimento para obter ajuda daquele plano, e nem poderemos utilizar essa experiência para viver aqui; pelo contrário, devemos comprometer-nos a servir aquele plano. Unicamente com essa atitude poderemos aproximar-nos daquele plano de conhecimento. Devemos prestar serviço a este conhecimento superior. Não devemos fazer com que ele nos sirva. Senão, não nos será permitido entrar naquele domínio. O conhecimento absoluto não virá servir este plano inferior. Devemos oferecer-nos para que ele nos utilize, e não tentar utilizá-lo para nossos fins egoístas ou para satisfazer nossos propósitos inferiores.
Devemos dedicar-nos a esse conhecimento absoluto na modalidade de serviço. Ele não se ocupará em satisfazer nossos baixos instintos animais. Assim, pois, com essa atitude, poderemos buscar o plano do conhecimento verdadeiro e receber a compreensão apropriada, e então poderemos saber o que é o que e ter uma avaliação correta de nosso meio. Isto é cultura Védica. O conhecimento absoluto sempre se transmitiu tão-só por este processo, e nunca pela abordagem intelectual. Srila Prabhupada Bhaktisiddhanta costumava citar a analogia da abelha: o mel está dentro de um pote fechado com uma rolha e a abelha já pousou. Lambendo a garrafa a abelha tenta provar o mel. Assim como a abelha não pode saborear o mel enquanto lambe o pote de vidro por fora, tampouco o intelecto pode aproximar-se do mundo do espírito. Podemos pensar que o conseguimos mais isso não é possível. Há uma barreira que é como o vidro do pode. As conquistas intelectuais não são verdadeira aquisição de conhecimento superior. Só através da fé, da sinceridade e da dedicação, poderemos nos aproximar dessa dimensão superior e tornar-nos parte. Somente poderemos ingressar nesse plano superior se nos derem um visto e nos admitirem. Assim poderemos entrar nessa terra de vivência divina.
Portanto, um candidato deverá possuir essas três qualificações, antes de poder aproximar-se da verdade que se encontra no plano superior da Realidade Absoluta. Ele só pode aproximar-se da Verdade Absoluta com uma atitude de humildade, sinceridade e dedicação. Encontramos afirmativas similares no Srimad-Bhagavatam e nos Vedas. Nos Upanisads se diz: tad vijnanartham sa gurum evabhigacchet samit panih srotriyam brahma nistham - "Aproxima-te de um mestre espiritual. Não te dirijas a ele com uma atitude vacilante ou negligente, senão que com um coração limpo e fervoroso."

Extraído do Sri Guru e Sua Graça, de Srila SiridharMaharaj


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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O Yogi Equivocado
 (Palestra de Srila Bhaktivedanta Narayana Maharaja em Alachua, Flórida junho de 1999)

Havia um menino, que na infância deixou o lar, deixou os pais, para ser um yogi. Um yogi perfeito, desses que podem andar sobre a água, voar e tudo mais. E também que tudo o que ele dissesse acabaria acontecendo, seria a verdade infalível. Se ele dissesse para alguém: Sua doença vai curar. A pessoa ficaria logo curada. Se dissesse: Você vai morrer. A pessoa logo morreria. Ele desejava ser um yogi perfeito e foi praticar yoga com os yogis.

E assim, foi para uma floresta, aceitou como guru um yogi qualquer e praticou yoga por cem anos naquele lugar. Um belo dia, enquanto estava praticando yoga sob uma árvore, caiu excremento de passarinho sobre a sua cabeça. Muito irado, ele viu a ave agressora, e desejou fulminá-la com um olhar. E ao olhar para ela, a ave se incendiou imediatamente e caiu ao solo incinerada.

Ele ficou muito feliz e pensou: Agora sou um yogi perfeito! Posso conceder a bênção que desejar, posso amaldiçoar quem eu quiser. Tudo o que disser acontecerá!

Ao meio-dia, foi esmolar algo para comer, porque era um desprovido. Como os devotos. Chegou a uma vila, bateu numa porta e disse: Alarka niranjana. Em outras palavras, que o habitante daquela casa tratasse de providenciar algo para o seu sustento. O dono da casa e a esposa tinham tomado prasada e estavam repousando. O esposo estava deitado e a esposa o estava massageando, abanando, providenciando tudo para que ele tivesse uma boa soneca depois do almoço. Ela o estava servindo.

Nisso, o yogi apareceu gritando: Biksa, biksa, biksa me dê uma esmola.

Ela foi ver quem era, viu que era um yogi e respondeu:
Espere um pouco. Estou servindo ao meu esposo. Assim que ele dormir, irei atendê-lo e dar-lhe alguma coisa.

Mas o yogi ficou irado:
Olha, sou um yogi perfeito! Posso amaldiçoar você caso não me atenda imediatamente.
E olhou irado para ela, desejando queimá-la. Ela respondeu humildemente:
Eu não sou aquele passarinho, você não pode queimar-me.

Ele ficou atônito e decidiu esperar. Depois que ela acabou o serviço, saiu e perguntou o que ele desejava.
Bem, eu não quero nada. Só quero saber como você soube que eu queimei um passarinho.
Soube através do serviço ao meu esposo.
Quero saber mais detalhes sobre isso.
Mas agora eu não tenho tempo. Vá procurar outra pessoa.

E ela o encaminhou para uma outra pessoa, que por sua vez o encaminhou para outra e esta para outra... Afinal, ele foi procurar uma pessoa que lhe disse:
O que você fez a vida inteira?
Ora, pratiquei yoga, posso andar sobre a água!

E lá havia um rio, ele começou a caminhar sobre a água e milhares de pessoas ficaram atônitas ao vê-lo, mas aquela pessoa que ele havia procurado lhe disse:
Ora, essa sua yoga toda vale menos do que um tostão, menos que um centavo. É o quanto podemos dar para um barqueiro para atravessar o rio muito comodamente. Não precisamos nem ter o trabalho de andar. Então, o que você fez a vida toda? A sua yoga só vale um centavo, não serve para nada!

Acontece que o yogi havia ido para a casa de uma devota, e o esposo dela era Krsna. Ela estava fazendo Krsna dormir depois do almoço. Ela O massageava, abanava, cantava, para servir a Krsna. Como se Ele fosse o seu esposo.

Se vocês estiverem servindo a Krsna assim como ela, como alguém que serve o seu esposo, pode aparecer qualquer maha-yogi, pode aparecer qualquer pessoa importante, mas vocês não devem abandonar o serviço para atendê-la. Isso seria uma ofensa ao pés de lótus de Krsna.

Por isso vocês devem tentar compreender a filosofia dessa história. Quando estiverem cantando, vocês estão servindo a Krsna. Pensem sempre dessa maneira. E o seu esposo é muito poderoso. Se Ele estiver satisfeito, todo mundo estará satisfeito.

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sábado, 6 de dezembro de 2014

Srila Prabhupada Ensina

Dui jane prabhura krpa dekhi ‘bhakta-gane
Hari hari bale sabe nadita-mane

“Ao verem a misericórdia do Senhor para com os dois irmãos, todos os devotos ficaram muito contentes e puseram-se a cantar o santo nome do Senhor: “Hari! Hari!”

No significado deste sloka do Sri Chaitanya Caritamitra (C.c. Madhya-lila 1.218), Srila Swami Maharaj Prabhupada ensina o seguinte:

“Srila Narottama Dasa Thakura diz que chadiya vaishnava seva nistara oeche keba: a menos que alguém sirva um vaishnava, não poderá liberar-se. O mestre espiritual inicia o discípulo para liberá-lo.  Se o discípulo cumpre a ordem do mestre espiritual e não ofende outros vaishnavas, seu caminho está aberto.  Consequentemente, Sri Chaitanya Mahaprabhu pediu a todos os vaishnavas presentes que mostrassem misericórdia aos irmãos Rupa e Sanatana, por Ele recém iniciados.  Ao ver que outro vaishnava está recebendo a misericórdia do Senhor, o vaishnava fica muito feliz. 
Os vaishnavas não são invejosos.  Se, por sua misericórdia, o Senhor dota um vaishnava de poder para distribuir o santo nome d’Ele em todo o mundo, os outros vaishnavas ficam muito jubilosos — isto é, caso sejam vaishnavas de verdade.
Aquele que tem inveja do sucesso de um vaishnava com certeza não é um vaishnava, mas sim um homem comum e mundano.  Pessoas mundanas manifestam inveja e ciúmes, e não os vaishnavas. Por que deveria um vaishnava invejar outro vaishnava que é exitoso em propagar o santo nome do Senhor? O verdadeiro vaishnava fica muito satisfeito em aceitar outro vaishnava que esteja outorgando a misericórdia do Senhor.  Não se deve respeitar, mas sim rejeitar, uma pessoa mundana disfarçada de vaishnava.  Isto é prescrito nos shastras (upeksa).  A palavra upeksa significa menosprezo.  Deve-se rejeitar uma pessoa invejosa.  O dever do pregador é amar a Suprema Personalidade de Deus, fazer amizade com os vaishnavas, mostrar misericórdia para com os inocentes e rejeitar ou menosprezar aqueles que são invejosos ou ciumentos.
Existem muitas pessoas invejosas disfarçadas de vaishnavas no movimento para a consciência de Krishna, e deve-se rejeita-las completamente.  Não há necessidade de servir a uma pessoa invejosa disfarçada de vaishnava.  Ao dizer chadiya vaishnava seva nistara oeche keba, Narottama Dasa Thakura está indicando um vaishnava de verdade, e não uma pessoa invejosa ou ciumenta vestida de vaishnava.”

Gaura Premanande

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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

A Unidade e a Diversidade das Filosofias dos Quatro acharyas das Quatro Sampradayas

Extraído do Premapradipa, uma novela por Srila Bahaktivinoda Thakur

Naren Babu perguntou humildemente:
- Babaji Mahashaya, quantas são as seitas principais no vaishnavismo? Em que tópicos suas filosofias concordam?
Babaji disse:
- No vaishnavismo existem, na verdade, quatro sampradayas, Os nomes são: Shri-sampradaya, Madhva-sampradaya, Vishnusvami-sampradaya e a Nimbarka-sampradaya. Ramanujacarya, Madhvacarya, Vishnusvami e Nimbarkacarya são os pregadores iniciais destas quatro filosofias. Todos eles nasceram no sul da Índia. Todas as sampradayas concordam nos seguintes pontos:
(1)       O Senhor Supremo é o único sem um segundo. Ele possui potências transcendentais e controla todas as leis.
(2)       O Senhor Supremo tem uma maravilhosa forma espiritual todo-auspiciosa. N’Ele todas as contradições são reconciliadas maravilhosamente. Apesar d’Ele ter uma forma, Ele é todo penetrante. Apesar de estar situado em um lugar, Ele está simultaneamente em todos os lugares.
(3)       Tanto a criação animada quanto a inanimada nascem de Suas energias. Ele é o criador, mantenedor e destruidor do tempo, lugar e das leis.
(4)       A constituição da entidade viva é espiritual, mas pelo desejo do Senhor ela está condicionada pela natureza material, e desta maneira desfruta ou sofre conforme as leis da natureza material. No entanto, pelo processo de serviço devocional ela pode se libertar das algemas materiais.
(5)       Os caminhos de jñana e karma estão cheios de dificuldades. Quando jñana e karma servem aos propósitos de bhakti, não há discrepâncias. Mas, diferentemente de karma e de jñana, bhakti é completamente independente.
(6)       O dever da entidade viva é o de se associar com os sadhus e discutir o serviço devocional.

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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Néctar do Jaiva Dharma
(A Ciência da Alma)

Embora seja verdade que os sadhus também vivem neste mundo, há uma diferença significativa entre a vida terrena dos sadhus e a das jivas que estão iludi­das por maya. Apesar das vidas terrenas dos dois parecerem ser a mesma coisa do ponto de vista externo, interna­mente há uma diferença imensa. Além disso, a associação dos sadhus é muito rara, pois, muito embora sempre haja sadhus presentes neste mundo, o homem comum não con­segue reconhecê-los.
Há duas categorias de jivas que caem nas garras de maya. Umas estão totalmente absortas em prazeres munda­nos insignificantes, e tem este mundo material na mais alta estima. Outras, sentindo-se descontentes com os prazeres insignificantes de maya, empregam discernimento mais sutil na esperança de atingir uma qualidade superior de felicidade. Por conseguinte, podemos dividir as pessoas deste mundo em dois grupos: o daquelas que carecem da faculdade de distinguir entre espírito e matéria e o daquelas que possuem esta percepção espiritual.

Certas pessoas chamam dedesfrutadores dos sentidos materiais aqueles que carecem de semelhante percepção e de mumuksus, ou os que buscam a liberação, aqueles dota­dos de percepção. Ao usar aqui a palavra mumuksu, não me refiro aos nirbheda-brahma jnanis, aqueles que buscam o nirvisesa-brahma mediante o processo de conhecimen­to monista. Nos sastras védicos, são conhecidas como mumuksus as pessoas que estão aflitas diante das misérias da existência material, e buscam sua identidade espiritual verdadeira. O significado literal da palavra mumuksa é ‘desejo de mukti ’(liberação). Quando um mumuksu aban­dona este desejo de liberação e se dedica a adorar Sri Bhagavan, seu bhajana é conhecido como suddha-bhakti. Os sastras não mandam ninguém abandonar mukti. Ao con­trário, quando uma pessoa desejosa de liberação adquire conhecimento da verdade sobre Krsna e as jivas, ela liberta-se de imediato.


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