Somos
Todos Um
-
uma farsa ateísta -
Desafortunadamente,
tenho lido com freqüência em diversas redes sociais da Internet a frase “Somos
Todos Um”; encontrei até site e blog com esse nome além dos inúmeros vídeos
veiculados no Youtube a divulgar essa sedutora doutrina para aquelas pessoas
com tendências ateístas. É o maivadismo levando
os seus tentáculos até entre os assim chamados espiritualistas e universalistas
brasileiros. Mesmo Shancaracharya, maior expoente da divulgação desse
pensamento, no final da sua vida disse que estava enganando seus seguidores por
um propósito necessário e que na verdade todos deveriam adorar e se render a Sri
Hari, a Pessoa Suprema — Srila Prabhupada, Srila Sridhara Maharaj, Srila
Narayana Maharaj e outros grandes mestres da nossa sampradaya frequentemente fazem
referência a esse lado quase oculto de Sri Shancariacharya, que é o próprio
Shiva, maior devoto de Krishna (Deus Pessoa).
Essa
idéia do “Somos Todos Um” é condenada por todos os grandes mestres da sabedoria
védica e vaishnava, iniciando por Sri Chaitanya Mahaprabhu, que é o próprio
Krishna que descendeu para nos ensinar a importância do harinama sankirtana, o
cantar dos santos nomes de Deus, passando por Srila Bhaktivinoda Thakur,
considerado por todos o sétimo goswami, um dos maiores mestres da Consciência
de Krishna da era moderna, também um santo de elevada erudição, assim aceito e
reconhecido por aqueles que o sucederam. Satcitananda Bhaktivinoda Thakur foi um dos
pioneiros nos tempos atuais a denunciar e combater vigorosamente esse ateísmo disfarçado
de espiritualidade elevada.
Ele,
no seu livro Jaiva Dharma, a maravilha das maravilhas entre as literaturas
vaishnavas, cita o ensinamento do nosso amado avatar dourado Sriman Mahaprabhu,
no Sri Caitanya-caritamrita – Madhya 20.108:
Jivera
svarupa haya-krsnera nitya-dasa
krsnera
tatastha-sakti bhedabheda prakassa
“A
natureza constitucional da jiva (do ser) é ser uma serva eterna de Krishna
(Deus como Pessoa). Ela é a potência marginal de Krishna, e uma manifestação
simultaneamente igual e diferente d’Ele.”
Nosso
Thakur e sétimo goswami usou este sloka do Sri Caitanya Caritmrta como Bija-mantra
(semente germinadora) do seu Jaiva Dharma, a jóia rara de nossa literatura
Vaishnava.
Não
vou me estender explicando todas as nuances desse sloka famoso porque tudo que
tinha a ser dito a respeito está à disposição daquelas almas com o necessário
sukrti para ter acesso a esse grandioso e definitivo shastra (livro sagrado).
Vou
me ater apenas à palavra “bhedabheda”, que é à base de nossa filosofia e que
significa “simultaneamente igual e diferente”.
Nós
somos partes e parcelas de Krishna, ou sua energia marginal – tatastha shakti;
em outras palavras somos uma centelha do Supremo Absoluto ou usando a definição
da cosmologia judaico-cristã, somos filhos de Deus. Um filho é parte e parcela
do seu genitor. Portanto somos igual a ele na constituição, nas qualidades.
Por
outro lado, embora sejamos qualitativamente igual a Deus, somos quantitativamente
extremamente menores e, portanto, diferentes. Somos diminutos Isvaras, não
podemos controlar os outros e nem saber o que se passa com cada Jiva em
particular, com cada ser individualmente. Krishna Deus, que se multiplica em
muitos como Superalma dentro do coração de todos e em cada átomo, sabe. Para
isso ser melhor assimilado e mais uma vez ajudando as mentes ocidentais, cito uma máxima judaico-cristã: Deus está no céu, na terra e em todo lugar.
Para finalizar pergunto: como
podemos ser uno ou igual a Deus se nem sequer conseguimos ainda realizar o
primeiro degrau do conhecimento transcendental: “não somos o corpo”, ou seja,
nem sequer sabemos quem somos?
Com
afeto