domingo, 23 de novembro de 2014

Somos Todos Um
- uma farsa ateísta -

Desafortunadamente, tenho lido com freqüência em diversas redes sociais da Internet a frase “Somos Todos Um”; encontrei até site e blog com esse nome além dos inúmeros vídeos veiculados no Youtube a divulgar essa sedutora doutrina para aquelas pessoas com tendências ateístas.  É o maivadismo levando os seus tentáculos até entre os assim chamados espiritualistas e universalistas brasileiros. Mesmo Shancaracharya, maior expoente da divulgação desse pensamento, no final da sua vida disse que estava enganando seus seguidores por um propósito necessário e que na verdade todos deveriam adorar e se render a Sri Hari, a Pessoa Suprema — Srila Prabhupada, Srila Sridhara Maharaj, Srila Narayana Maharaj e outros grandes mestres da nossa sampradaya frequentemente fazem referência a esse lado quase oculto de Sri Shancariacharya, que é o próprio Shiva, maior devoto de Krishna (Deus Pessoa).
Essa idéia do “Somos Todos Um” é condenada por todos os grandes mestres da sabedoria védica e vaishnava, iniciando por Sri Chaitanya Mahaprabhu, que é o próprio Krishna que descendeu para nos ensinar a importância do harinama sankirtana, o cantar dos santos nomes de Deus, passando por Srila Bhaktivinoda Thakur, considerado por todos o sétimo goswami, um dos maiores mestres da Consciência de Krishna da era moderna, também um santo de elevada erudição, assim aceito e reconhecido por aqueles que o sucederam.   Satcitananda Bhaktivinoda Thakur foi um dos pioneiros nos tempos atuais a denunciar e combater vigorosamente esse ateísmo disfarçado de espiritualidade elevada.
Ele, no seu livro Jaiva Dharma, a maravilha das maravilhas entre as literaturas vaishnavas, cita o ensinamento do nosso amado avatar dourado Sriman Mahaprabhu, no Sri Caitanya-caritamrita – Madhya 20.108:

Jivera svarupa haya-krsnera nitya-dasa
krsnera tatastha-sakti bhedabheda prakassa

“A natureza constitucional da jiva (do ser) é ser uma serva eterna de Krishna (Deus como Pessoa). Ela é a potência marginal de Krishna, e uma manifestação simultaneamente igual e diferente d’Ele.”

Nosso Thakur e sétimo goswami usou este sloka do Sri Caitanya Caritmrta como Bija-mantra (semente germinadora) do seu Jaiva Dharma, a jóia rara de nossa literatura Vaishnava.
Não vou me estender explicando todas as nuances desse sloka famoso porque tudo que tinha a ser dito a respeito está à disposição daquelas almas com o necessário sukrti para ter acesso a esse grandioso e definitivo shastra (livro sagrado).
Vou me ater apenas à palavra “bhedabheda”, que é à base de nossa filosofia e que significa “simultaneamente igual e diferente”.
Nós somos partes e parcelas de Krishna, ou sua energia marginal – tatastha shakti; em outras palavras somos uma centelha do Supremo Absoluto ou usando a definição da cosmologia judaico-cristã, somos filhos de Deus. Um filho é parte e parcela do seu genitor. Portanto somos igual a ele na constituição, nas qualidades.
Por outro lado, embora sejamos qualitativamente igual a Deus, somos quantitativamente extremamente menores e, portanto, diferentes. Somos diminutos Isvaras, não podemos controlar os outros e nem saber o que se passa com cada Jiva em particular, com cada ser individualmente. Krishna Deus, que se multiplica em muitos como Superalma dentro do coração de todos e em cada átomo, sabe. Para isso ser melhor assimilado e mais uma vez ajudando as mentes ocidentais, cito uma máxima judaico-cristã: Deus está no céu, na terra e em todo lugar. 
Para finalizar pergunto: como podemos ser uno ou igual a Deus se nem sequer conseguimos ainda realizar o primeiro degrau do conhecimento transcendental: “não somos o corpo”, ou seja, nem sequer sabemos quem somos?

Com afeto

 ‪#‎ConsciênciaDespertaPREMA‬