terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O Yogi Equivocado
 (Palestra de Srila Bhaktivedanta Narayana Maharaja em Alachua, Flórida junho de 1999)

Havia um menino, que na infância deixou o lar, deixou os pais, para ser um yogi. Um yogi perfeito, desses que podem andar sobre a água, voar e tudo mais. E também que tudo o que ele dissesse acabaria acontecendo, seria a verdade infalível. Se ele dissesse para alguém: Sua doença vai curar. A pessoa ficaria logo curada. Se dissesse: Você vai morrer. A pessoa logo morreria. Ele desejava ser um yogi perfeito e foi praticar yoga com os yogis.

E assim, foi para uma floresta, aceitou como guru um yogi qualquer e praticou yoga por cem anos naquele lugar. Um belo dia, enquanto estava praticando yoga sob uma árvore, caiu excremento de passarinho sobre a sua cabeça. Muito irado, ele viu a ave agressora, e desejou fulminá-la com um olhar. E ao olhar para ela, a ave se incendiou imediatamente e caiu ao solo incinerada.

Ele ficou muito feliz e pensou: Agora sou um yogi perfeito! Posso conceder a bênção que desejar, posso amaldiçoar quem eu quiser. Tudo o que disser acontecerá!

Ao meio-dia, foi esmolar algo para comer, porque era um desprovido. Como os devotos. Chegou a uma vila, bateu numa porta e disse: Alarka niranjana. Em outras palavras, que o habitante daquela casa tratasse de providenciar algo para o seu sustento. O dono da casa e a esposa tinham tomado prasada e estavam repousando. O esposo estava deitado e a esposa o estava massageando, abanando, providenciando tudo para que ele tivesse uma boa soneca depois do almoço. Ela o estava servindo.

Nisso, o yogi apareceu gritando: Biksa, biksa, biksa me dê uma esmola.

Ela foi ver quem era, viu que era um yogi e respondeu:
Espere um pouco. Estou servindo ao meu esposo. Assim que ele dormir, irei atendê-lo e dar-lhe alguma coisa.

Mas o yogi ficou irado:
Olha, sou um yogi perfeito! Posso amaldiçoar você caso não me atenda imediatamente.
E olhou irado para ela, desejando queimá-la. Ela respondeu humildemente:
Eu não sou aquele passarinho, você não pode queimar-me.

Ele ficou atônito e decidiu esperar. Depois que ela acabou o serviço, saiu e perguntou o que ele desejava.
Bem, eu não quero nada. Só quero saber como você soube que eu queimei um passarinho.
Soube através do serviço ao meu esposo.
Quero saber mais detalhes sobre isso.
Mas agora eu não tenho tempo. Vá procurar outra pessoa.

E ela o encaminhou para uma outra pessoa, que por sua vez o encaminhou para outra e esta para outra... Afinal, ele foi procurar uma pessoa que lhe disse:
O que você fez a vida inteira?
Ora, pratiquei yoga, posso andar sobre a água!

E lá havia um rio, ele começou a caminhar sobre a água e milhares de pessoas ficaram atônitas ao vê-lo, mas aquela pessoa que ele havia procurado lhe disse:
Ora, essa sua yoga toda vale menos do que um tostão, menos que um centavo. É o quanto podemos dar para um barqueiro para atravessar o rio muito comodamente. Não precisamos nem ter o trabalho de andar. Então, o que você fez a vida toda? A sua yoga só vale um centavo, não serve para nada!

Acontece que o yogi havia ido para a casa de uma devota, e o esposo dela era Krsna. Ela estava fazendo Krsna dormir depois do almoço. Ela O massageava, abanava, cantava, para servir a Krsna. Como se Ele fosse o seu esposo.

Se vocês estiverem servindo a Krsna assim como ela, como alguém que serve o seu esposo, pode aparecer qualquer maha-yogi, pode aparecer qualquer pessoa importante, mas vocês não devem abandonar o serviço para atendê-la. Isso seria uma ofensa ao pés de lótus de Krsna.

Por isso vocês devem tentar compreender a filosofia dessa história. Quando estiverem cantando, vocês estão servindo a Krsna. Pensem sempre dessa maneira. E o seu esposo é muito poderoso. Se Ele estiver satisfeito, todo mundo estará satisfeito.

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