terça-feira, 24 de junho de 2014



O VERDADEIRO JULGAMENTO DO AMOR

De acordo com as autoridades médicas indianas, no corpo existe ar, bílis e muco, que correspondem ao ar, fogo, e água, três elementos no éter que influenciam a terra. A terra é principalmente influenciada pela água, e a água pelo calor, o calor pelo ar, e todos estäo brigando, lutando dentro do éter. Esta é a natureza do mundo material. Depois temos o mundo mental, a manifestaçäo da energia mental: "Quero isto, näo quero aquilo; gosto disso, näo gosto daquilo." E, a inteligência dá a diretriz para a mente: "Näo aceite isso, aceite aquilo." Mas está tudo dentro do ahankara, ego material. Acima disso temos a alma, que experimenta tudo, bom e mau. Esta chama-se purusha:

purushah sukha-duhkhanam, bhoktrtve hetur ucyate
(Bhagavad-gita 13.21)

"Estabeleceu-se que é a entidade viva condicionada, o próprio purusha que é a causa responsável dos sentimentos de alegria e tristeza que experimentamos neste mundo."
Essa é a diferença entre espírito e matéria. Matéria, chamada prakrti, é energia, porém a alma, purusha, experimenta bem e mal; ela é a pessoa que sente bem ou mal, tristeza ou felicidade. Ela é de uma substância, e aquilo que é sentido é de outra:

karya-karana-kartrtve, hetuh prakrtir ucyate
(Bhagavad-gita 13.21)

"Certamente neste mundo impermanente todo movimento ocorre através da qualidade inerente da natureza material predominada, prakrti, que é responsável tanto pela causa (a força dos sentidos) e efeito (o corpo material).
Portanto toda atividade que encontramos aqui, todo movimento, é devido a essa energia material, e quem sente tudo, quem conhece, quem concebe, é a alma. A alma é como o olho, um olho vendo qualquer coisa e tudo.
Na filosofia sankhya, este relacionamento prakrti-purusha tem sido comparado ao de um cego e um aleijado. Um aleijado poderá andar sentado nos ombros de um cego. Aquele que está se movendo (prakrti) é cego; e aquele que é aleijado, e que está em seus ombros (purusha), tem olhos para ver e pode guiar. A alma está "aleijada"; näo consegue mover-se, porém pode ver. O cego é o comandante da energia, que pode movimentar-se aqui e ali; pode carregar, porém é cego. Desta maneira, a alma é a conhecedora, quem sente, a existência subjetiva, e o aspecto energético é aquele da força, prakrti. Portanto, há força e consciência.
Estamos täo absorvidos na força; só queremos a força, a energia, e esquecemos que somos quem sente essa força! Este ser que a sente, é espantoso; se tentarmos compreender nosso próprio ser, ficaremos estupefatos: "Oh, que é isso? Sou de tal natureza! Näo tenho nada a ver com esse mundo da mortalidade; posso viver independentemente deste mundo mortal? É assim mesmo?"
Entäo conseguiremos compreender mais além, que existe uma Superalma. No mundo material existem tantos planos diferentes: o mundo do calor, da água, do ar. Tudo está evoluindo de um plano mais sutil para coisas mais grosseiras, como pedra ou madeira. Assim como há desenvolvimento nesta direçäo no mundo material, assim no mundo subjetivo também existe desenvolvimento, porém para cima, da alma para a Superalma, até a Super-Superalma; desta maneira há desenvolvimento e este é infinito. E nós somos tatastha, marginais; nossa alma está na posiçäo marginal, entre o superior e o inferior, entre o lado sutil e o lado grosseiro. O lado superior é eterno, é sat-chit-anandam, eterno, consciente e feliz; e aqui: asat, acit, nirananda. É asat, vacilante, a cada minuto está morrendo; e acit, inconsciente; e nirananda, sem nenhum sentimento de júbilo ou felicidade. Estas säo as respectivas naturezas deste mundo, e daquele mundo. E se quisermos ter associaçäo com aquele mundo, nos dizem que na posiçäo superior há infinita beleza, amor, e êxtase. Esse mundo pode descer até nós, e podemos ser aceitos como um dos membros familiares do Senhor. Podemos viver como um membro familiar com a Entidade mais elevada daquele mundo! Mahaprabhu nos disse que é possível, mas só através da afeiçäo, e näo pelo conhecimento ou qualquer realizaçäo mística. Pela afeiçäo e amor podemos atraí-Lo de tal maneira que possamos ser reconhecidos como membro familiar, uma posiçäo muito próxima a Ele - a tal ponto é possível.

No Bhagavad-gita o Senhor diz:

tato mam tattvato jnatva, vishate tad anantaram
(Bhagavad-gita 18.55)
"Após realizar Minha devida posiçäo, eles entram lá; isto é, na Minha própria jurisdiçäo especial, na Minha família." E o Bhagavatam diz:

mamatma-bhuyaya ca kalpate vai
(Srimad-Bhagavatam 11.29.34)

"Recebem reconhecimento täo elevado que os qualifica a irem viver Comigo eternamente, como Meus. Se eles se adiantarem desinteressadamente para satisfazer-Me, deixando tudo de lado, ananya  bhajana, se quiserem somente a Mim e a nada mais, entäo esta é a futura perspectiva deles."

Palestra de Srila Sridhara Maharaj - no Sri Chaitanya Sarasvat Math

‪#‎ConsciênciaDespertaPREMA‬