domingo, 18 de maio de 2014

O Srimad Bhagavad-gita, o texto védico sagrado mais popular em toda a Índia e atualmente muito conhecido no mundo inteiro,  recomenda que, passo a passo, tentemos nos elevar ao plano da alma, eliminando os diversos planos intermediários e inferiores, embora alguns deles nos se apresentem como superiores ou muito elevados.   Primeiro, vem o campo da experiência dos sentidos: as coisas que vejo, que toco, que ouço, e assim por diante; em seguida, vem o campo material,  o impulso que funciona através dos sentidos; então, a seguir, vem o intelecto ou o que dirige a tendência mental — e, atravessando todos esses planos, podemos tentar descobrir aquele ponto de luz que é a alma. Se, de algum modo, pela introspecção, pudermos perceber a alma, ter alguma realização dessa eterna luz divina que habita nosso corpo físico perecível, então qualquer valor que tenhamos designado a toda esta manifestação cósmica material virará cinzas.  Veremos que a verdadeira identificação encontra-se dentro de cada um de nós!  Isso é tão maravilhoso, valioso e independe de todas as alucinações das quais sofríamos por ter entrado em contato com esse mundo material, o plano das experiências externas, em algum momento da nossa existência.   A região interna é muito elevada e maravilhosa mas nossa consciência estava focada em algo tão baixo, em coisas tão sórdidas que impedia esse conhecimento puro em vidas e mais vidas neste mundo material de sofrimentos (trabalhos árduos, doenças, velhice, morte, etc) !!!
 A Natureza Constitucional Eterna do Ser  (A Swarupa da Jiva)
A natureza da jiva é comparada a uma partícula atômica de consciência do sol espiritual, Sri Krsna. Nos granthas dos gosvamis a jiva foi descrita como a vibhinnamsha tattva, ou brahma. O significado de vibhinnamsha tattva é que Bhagavan possui aghatana-ghatana-patiyasi shakti, a potência que faz o impossível se tornar possível. Quando Bhagavan está equipado apenas com a Sua consciência atômica jiva-shakti, então nesse momento a Sua expansão (amsha) é denominada vibhinnamsha-jiva. No entanto, quando ao mesmo tempo Bhagavan está pleno com todas as Suas potências, então a Sua expansão é denominada svamsha . Desta maneira, as vibhinnamsha-jivas são eternas.
É certo que os seus métodos de bhagavata-seva, seus nomes, formas e tudo mais são inerentes. No entanto, como elas estão encobertas por maya, a forma transcendental das jivas e as suas características permanecem ocultas. Pela misericórdia de Bhagavan, durante a atividade de realizar bhajana na companhia dos sadhus ela se libera de maya, então qualquer que seja o tipo de svarupa (natureza constitucional) que ela tenha, esta svarupa se torna manifesta.
Mas também é certo que sem sadhu-sanga (associação com devotos puros) a sua liberação de maya e a manifestação da svarupa são impossíveis. Portanto sadhu-sanga também é obrigatória e inevitável. Se considerarmos correto que a svarupa da jiva se torna manifesta de acordo com a sadhu-sanga, então surgirão inúmeras discrepâncias. Por exemplo, mesmo com a associação com Sri Caitanya Mahaprabhu e Seus associados, os corações de Anupama Gosvami e de Murari Gupta não mudaram. Murari Gupta é considerado um parikara (associado eterno) de Sri Ramacandraji, Hanuman. Por meio de hari-katha, Sriman Mahaprabhu demonstrou que, em comparação com Sri Ramacandraji, Krsna está adornado com muito mais doçura e além do mais, Krsna é o avatari, a origem de todos os avataras. Depois de ouvir Mahaprabhu, Murari fez o voto de abandonar Sri Ramacandraji e de fazer krsna-bhajana.
Mas no dia seguinte, quando ele se aproximou de Mahaprabhu começou a chorar e disse: “Eu fiz um voto diante de Você. Eu ia fazer krsna-bhajana mas não pude dormir a noite inteira. Ofereci a minha cabeça aos pés de Sri Ramacandraji e não posso abandoná-lO. Por outro lado, não posso transgredir a Sua ordem. Nas duas situações a minha vida irá me deixar!”
Enquanto falava ele caiu aos pés de Sri Mahaprabhu. Mahaprabhu o ergueu, o abraçou e disse: “Sua vida é muito afortunada. Você é um associado eterno de Sri Ramacandra. A maneira como você O está servindo é auspiciosa para você. Fiquei muito satisfeito ao ver os seus sentimentos de êxtase.”
Por outro lado, Sri Caitanya Mahaprabhu se encontrou com Sri Vyenkata Bhatta, Sri Trimalla Bhata, Sri Prabhodananda Sarasvati e o filho de Vyenkata Bhatta, Gopala Bhatta em Sri Rangam durante a Sua viagem ao Sul da Índia. No contexto da discussão entre eles, Sriman Mahaprabhu provou a proeminência da amabilidade de Vrajendranandana Sri Krsna deixando-os a par da doçura da forma e de outros atributos de Sri Krsna, conforme das declarações do Srimad Bhagavatam e de outras escrituras e como resultado disso, os corações deles se modificaram. Depois de aceitarem diksha do krsna-mantra todos eles se dedicaram a krsna-seva seguindo os sentimentos dos vrajabasis.
Nesse exemplo, cabe salientar que segundo a opinião dos nossos gosvamis, Sri Prabodhananda Sarasvati é Tungavidya-sakhi na lila de Vraja e que Gopala Bhatta Gosvami é Sri Guna-mañjari. Para o propósito de passatempos, os dois apareceram no Sul da Índia e estavam fazendo o seu sadhana-bhajana depois de terem aceitado diksha na Sri-sampradaya. Eles constitucionalmente eram gopis de Vraja. Apesar deles terem sido iniciados na Sri-sampradaya (ou Ramanuja Sampradaya) no começo de suas vidas, pela influência da associação com Mahaprabhu eles foram atraídos pelo Sri Krsna seva.
Da mesma maneira, Sri Rupa e Sanatana contaram ao seu irmão mais novo, Sri Vallabha (Anupama) sobre a beleza e doçura da svarupa de Sri Krsna e finalmente sobre a superioridade dos Seus relacionamentos amorosos (prema vilasa). Eles também o aconselharam a fazer krsna-bhajana. Anupama ficou muito influenciado ao ouvir as palavras dos seus irmãos. Ele tomou diksha no krsna-mantra e expressou o desejo de realizar krsna-bhajana. No entanto, logo na manhã seguinte ele caiu aos pés dos seus irmãos mais velhos e disse chorando: “Vendi meu coração aos pés de Sri Raghunathaji. Por favor tenham misericórdia de mim para que eu possa ver os Seus pés de lótus nascimento após nascimento. Meu coração se arrebenta simplesmente ao pensar em abandonar os Seus pés de lótus.”
raghunathera padapadma chadana na jaya chadivar mana haile prana phati jaya (C.C. Antya 4.42)
Sri Rupa e Sanatana ficaram muito contentes ao ouvirem as palavras do seu irmão mais novo. Ele o elogiaram, o congratularam e o abraçaram. Isso deixa evidente que sadhu-sanga auxilia na manifestação da svarupa da jiva, mas a sadhu-sanga não pode mudar a svarupa.

Ensinamentos de Prapujya-carana Srila Bhakti Raksak Sridhar Maharaj