domingo, 29 de maio de 2016


JIVA TATTVA
(O Princípio do Ser)

"A jiva é uma entidade completamente separada de apara-sakti, a qual contém oito elementos, cinco elementos grosseiros – terra, água, fogo, ar e éter – e os três elementos sutis – mente, inteligência e ego. Estes últimos três elementos são especiais. O aspecto de conhecimento que está visível neles é material, e não espiritual. A mente cria um falso mundo ao basear-se em seu conhecimento dos objetos sensuais nas imagens e influências que ela absorve dos objetos grosseiros no reino mundano. Este processo tem sua raiz em assuntos mundanos, não no espírito. A faculdade que confia neste conhecimento para discriminar o real e o irreal é chamada buddhi, que também tem sua raiz em assuntos mundanos. O ego, ou o sentido de ‘eu-inferior’ que é produzido para aceitar o conhecimento também é material, e não espiritual. Estas três faculdades juntas manifestam a segunda forma da jiva, que age como a conexão entre a jiva e a matéria, e é chamada ‘o corpo sutil’ (linga-sarira). Quando o ego do corpo sutil da jiva condicionada torna-se mais forte, ele encobre o ego de sua forma eterna. O ego na natureza eterna em relação ao sol espiritual, Krsna, é o ego puro e eterno, e este mesmo ego manifesta-se novamente no estado liberado. Todavia, quando o corpo eterno permanece encoberto pelo corpo sutil, a auto-concepção material (jada-abhimana) surge dos corpos grosseiro e sutil e permanecem fortes, e consequentemente o abhimana da relação com o espírito é quase ausente. O linga-sarira é muito refinado, por isso a função do corpo grosseiro o encobre. Deste modo, a identificação com a casta e assim por diante do corpo grosseiro, surge no corpo sutil porque ele é encoberto pelo corpo grosseiro. Embora os três elementos – mente, inteligência e ego – sejam materiais, o abhimana do conhecimento é inerente neles, porque eles são transformações contaminadas da função da alma (atma-vtti).
A forma espiritual atômica é livre de defeito, porque na sua forma diminuta, ela é intrinsecamente fraca, portanto, incompleta. O único defeito neste estado é que a forma espiritual da jiva pode ser encoberta através da associação com a poderosa maya-sakti. É dito no Srimad-Bhagavatam (10.2.32):

ye ‘nye ‘ravindaksa vimukta-maninas tvayy asta-bhavad avisuddha-buddhayah aruhya krcchrena param padam tatah patanty adho ‘nadrta-yusmad-anghrayah

‘Ó Senhor de olhos de lótus, não-devotos, tais como os jñanis, yogis, e renunciantes, falsamente consideram-se liberados, mas a inteligência deles não é realmente pura porque lhes falta devoção. Eles realizam severas austeridades e penitências, e alcançam a posição que eles imaginam ser a liberação, porém eles caem de lá numa condição muito baixa devido a negligência aos Seus pés de lótus.’

Isto mostra que a constituição da jiva irá sempre permanecer incompleta, independente do elevado estágio que possa alcançar. Isto é inerente a natureza de jiva-tattva, e é por causa disto que é dito nos Vedas que Isvara é o controlador de maya, enquanto que a jiva permanece suscetível para ser controlada por maya em todas as circunstâncias."

Jaiva-Dharma: A Ciência da Alma, Prameya: Jiva-Tattva
Srila Bhaktivinoda Thakura