sábado, 27 de dezembro de 2014

NASCIDO PARA AMAR 
 (Palestra proferida por Srila Narayana Maharaja em 17 de maio de 1998 em Washington)

Atualmente tem havido muitos discussões sobre qual o método de se alcançar o nosso objetivo final (sadhya) e toda atenção está colocada nisso. Todavia, temos que decidir primeiro, com clara compreensão, qual é o nosso objetivo. Ora, primeiro devemos decidir aonde vamos e depois é que vem o como chegar lá. Por isso, Srila Krishna das Kaviraja no Cheitanya Charitamrita explicou primeiro prayojana (Adi lila capitulo 3 e 4), ali está qual é o amor e afeição máximos na existência e após ele fala sobre o método de se alcançar esse objetivo (excelso amor). Obviamente o nosso objetivo (prayojana) não é o darshan (visão) de Radha e Krishna. Nunca. Muitos demônios tiveram essa visão. Não é o que buscamos. Nossa ânsia reside no sentir amor e com esse amor servir a Radha e Krishna. O amor que queremos florescer é o amor que as servas de Radha (manjaris) sentem. E essa é a missão de Cheitanya Mahaprabhu, regar a semente do amor nessa direção de serviço a Radha e Krishna. Bhakti-yoga é transcendental mesmo desde o início. Nós temos que nos preparar para o objetivo, servir Radha e Krishna. Bhakti é chamada anyabhilasita sunyam. Você embora esteja executando serviço a Krishna, não consegue ver Krishna, nem sente alguma percepção d’Ele. Ainda assim, você está aí cantando japa, lembrando um pouco d’Ele, mas saiba que mesmo essa bhakti é transcendental. Estamos praticando bhakti com nossos sentidos e corpo na associação com devotos mais qualificados. Você olha para o mundo e vê homens trabalhando arduamente, dia e noite em busca do prazer do mundo, mas sabemos que eles nunca irão conseguir felicidade, por isso seguimos cantando nossa japa e práticas devocionais. Se não está havendo resposta é porque nós não temos uma fé estabelecida. Por isso nossa Bhakti é fraquinha. A questão que emerge em seguida é como melhorar a qualidade de nossa fé? É ouvindo a glorificação dos devotos que possuem tal fé, é retornando a nossa natureza original de amar, mudando nossos hábitos e colocando-nos no serviço de um shuddha Vaishnava, e pela influência de tal vaishnava maya será erradica rapidamente e você poderá servir a Suprema Personalidade de Deus feliz para sempre. Foi para isso que Cheitanya Mahaprabhu veio, ele não veio para matar demônios e sim para nutrir essa capacidade de amar e de sentir afeto. Todos nós temos que estar preparados para isso. Nós viemos da tatastha shakti (energia marginal), assim a potência prema está inata, não amadurecida, em uma forma constitucional coberta. Isso é fácil de constatar, se pensamos que estamos separados de Krishna podemos tentar sentir isso. Todavia Mahaprabhu destaca que nayanam galad asru dharaya, vadanam gadgada ruddhaya gira ... quando esse dia chegará que ao cantar os nomes de Krishna chorarei pesarosamente e meu corpo apresentará sintomas de amor (sattvika bhavas). Essa é a percepção de que se está realmente separado de Krishna. Nós apenas temos conhecimento intelectual disto; estou separado de Krishna "e até posso querer chorar, mas as lágrimas não vêem. A propensão de amar e de se zangar são manifestações do amor. Às vezes o amor se expressa na zanga. Vemos Yashoda amamentando e acarinhando seu filho, Krishna, mas às vezes a vemos puxando Suas orelhas. É a mesma coisa. Isso provém da natureza própria da alma de amar. Às vezes Krishna desaparece da dança da rasa e as gopis ficam procurando por Krishna, como alguém vai sentir o que é separação se não tiver contato direto. Se a mãe não estiver ligada ao seu filho por amor, não poderá sentir nenhuma saudade quando ele for embora. A nossa situação (de alma, jiva) é que nunca soubemos o que é o amor. Se uma criança se separa de seus pais, tal criança necessariamente vai sentir saudades, o relacionamento vai estar lá. Se não há saudade é porque o amor não existe e sem amor não há saudade. Assim temos que tentar desenvolver esses sentimentos ouvindo todos os passatempos de Radha e Krishna e Gouranga Mahaprabhu. Essa é a única maneira para progredirmos na direção do amor. Essa é a misericórdia sem causa de Cheitanya Mahaprabhu. Por isso temos que nos esforçar para chegar a uttama bhakti. Krishna das Kaviraja escreveu muitas literaturas vaishnavas, Cheitanya Charitamrita, Govinda Lilamrita etc., ele mesmo estava temeroso no início; são livros tão elevados, as pessoas não serão capazes de compreender-los, todavia, ele sabia que se não escrevesse os devotos sofreriam por isso ele escreveu e considerou que não-devotos sequer leriam esses livros, pois não teriam gosto por tal literatura e não se sentiriam atraídos. Qual o devoto que não sente seu coração nutrido pelas histórias de Krishna na dança de rasa com as gopis? Krishna estava dançando e cantando, mesmo as semideusas com seus maridos estavam lá observando e tocando instrumentos musicais a partir de seus veículos voadores. A voz de Krishna se juntou a voz de Lalita e das outras sakhis. O próprio Krishna começou a dançar como nunca se havia visto e nunca se ouvira falar e doces canções emanavam. As tornozeleiras e cintos badalavam seus sinos suavemente acalentando a mente das gopis com as doçuras espirituais. Foi formado um círculo, as gopis batiam palmas. Então Krishna cantou uma canção descrevendo o semblante de Sri Radharani e após, uma depois da outra, as gopis dançavam, nem mesmo prema, a personificação do amor divino, poderia descrever essa cena. Krishna estava em contato com cada uma delas (união), de repente, desapareceu do meio das gopis na dança da rasa. Todas as gopis estavam sofrendo de saudade e enlouqueceram totalmente, elas diziam: Onde está Krishna? O que ele foi fazer? Só nos resta morrer! Assim, elas choravam às margens do rio Yamuna. Ali onde estavam não havia árvores, a lua iluminava as areias brancas da praia. Todas se lamentavam: - "Nós deixamos tudo por Você, deixamos nossa mãe, nosso pai, irmãos e maridos. Deixamos nossos filhos, tudo. E mesmo assim você nos deixou desamparadas nessa floresta horrível". Os devotos têm que se preparar para isso desde o início até o ponto que o nosso bhakti flua dia e noite como uma corrente de um rio de mel, aí o bhakti amadurece gradativamente de svarupa shakti, para shuddha sattva, prema bhakti e svarupa siddhi (até aqui o desenvolvimento é possível mesmo estando nesse corpo grosseiro) após vem o estágio de vastu siddhi (quando se nasce em Vrindavana no ventre de uma Gopi onde Krishna estiver executando seus passatempos) daí segue-se prema, sneha, mana, pranaya, raga, anuraga, anubhava e mahabhava (amor puro por Krishna, afeto, ciúme, conservar-se, apego, emoções espirituais dentro do coração, o mais elevado estágio de amor divino) Naquilo que pusermos nossa energia iremos fazer progresso. Se você não puser toda sua energia na direção de Radha e Krishna, então como poderá vivenciar isso. Esse é o mano vista (desejo íntimo) de Caitanya Mahaprabhu.

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sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Swarupa-Manjari
 (Um néctar legado por Srila B. V. Narayana Maharaj)

Os devotos ouviram pessoalmente de Srila Sridhar Maharaja: "quantos Prabhupadas vocês estão dispostos a conhecer?" Os discípulos de Bhaktisidhanta Sarasvati Thakura chamam-no de Prabhupada. Assim, há muitos Prabhupadas. E somente um Prabhupada pode avaliar a condição espiritual de outro Prabhupada. Há Prabhupadas que se auto-revelaram  como Bhaktivinodha Thakura que revelou ao mundo no seu livro Guitamala a sua forma feminina, que é adequada para servir o Casal Divino Yugala Kisora Radha-Krsna, como sendo Kamala Manjari. Vemos na obra de Puri Maharaja, discípulo sênior de Bhaktisidhanta, revelando a forma manjari de Bhaktisidhanta como Nayana manjari. O Guru sannyasi de Srila Prabhupada, Srila Bhakti Prajna Kesava Maharaja foi revelado como Vinoda Manjari e Srila Prabhupada, Bhaktivedanta Swami Prabhupada? Vejamos o que diz outro Prabhupada, Bhaktivedanta Narayana Maharaja com base no fato público e notório que a canção de Bhaktivinodha Thakura Jaya Radha Madhava era cantada antes de todas suas aulas/palestras como uma particularidade muito pessoal, pois nenhum dos discípulos de Bhaktisidhanta, nem o próprio Bhaktisidhanta cantava essa canção antes das aulas: "alguns propagam a idéia que Swamiji (Srila Prabhupada) tem a posição de sakhi-rasa (de amigo). Porém nenhum dos amigos de Krsna podem glorificar Krsna com as palavras, jaya kunja bihari" por que não podem? porque não têm esse direito. . ‘Jaya radha-madhava.’ ‘Jaya kunja bihari,’ especialmente essa parte. Por essa razão eu disse que Swamiji não está na rasa de amigo. Srila Bhaktivinodha Thakura escreveu tantas poesias colocando Krsna como filho, em dasya-rasa, sakhya-rasa, vatsalya-rasa, porém ele era Kamala-manjari. Do mesmo modo Swamiji compôs algumas poesias em ocasiões especiais, com finalidade especial na rasa de amizade. Porém, como poderia Swamiji glorificar Krsna diariamente com as palavras jaya kunja bihari se fosse apenas amigo (rasa) ‘Yamuna-tira-vana-cari,’ o que isso significa, há algo muito profundo. Não tem relação com vaqueirinhos e vacas no Yamuna. O que ocorre? Krsna está esperando. O que? oh, espera as gopis que virão pegar água no Yamuna. Na realidade não é a água que as gopis vão buscar no Yamuna. O que é? Elas vão pegar o néctar do amor e devoção no pote de seus corações. Assim, quando as gopis chegam ao Yamuna, esperam por Krsna, e Krsna também espera por elas e ninguém está ansioso de pegar a água do Yamuna, Elas querem encher o pote de seus corações com amor e afeto e por isso estão ansiosas. Assim mesmo que voltem sem a água, estarão cheias de amor e afeto no coração. Isso é o que significa "yamuna-tira-vana-cari" - sempre muito ansiosas em ir às margens do Yamuna. Por que no Yamuna? oh, lá há um local de encontro. Eles haviam marcado 'Nós nos encontraremos lá' . Esse é o significado muito , muito profundo. ‘Vanacari’ no seu significado externo quer dizer 'semelhante a animais". vana-cari quer dizer ir à floresta, como pessoas de baixa classe, irreligiosas. Porém aqui ‘vanacari,’ aqui ‘vana’ significa Vrndavana. Extremamente gloriosa, o belo jardim, de quem? De Vrinda devi. há tantas bosques, veredas, muitos e muitos kunjas. Por que tantos kunjas? Um kunja é o suficiente para o encontro entre Radha e Krsna, porém Srimati Radhika não ficará satisfeita. Por quê? Quando Ela estará satisfeita? Radhika deu a cada sakhi um kunja separado e com astucia Ela dará a chance a todas as sakhis que Krsna possa se encontrar no kunja. Por isso aqui vem ‘yamuna-tira,’ esses bosques de Vrindavana são muito belos, feitos por Vrinda devi para o encontro conjugal, para encontrar com todas as gopis. Vana cari - Krsna está acostumado, mesmo dormindo, sem sentidos, Seus pés estão tão habituados que mesmo como sonâmbulo Ele vai para lá. Assim vanacari significa encontrar com as gopis. Quem são as gopis? Elas nunca se separam de Krsna, não podem. É possível separar o calor do fogo? entendem? O calor é a vida e alma do fogo, sem calor não há fogo. Eles são uma mesma coisa, você não pode separá-los, por isso no Chaitanya Charitamrita adi 1.5 está dito:

radha krsna-pranaya-vikrtir hladini saktir asmad
ekatmanav api bhuvi pura deha-bhedam gatau tau
caitanyakhyam prakatam adhuna tad-dvayam caikyam aptam
radha-bhava-dyuti-suvalitam naumi krsna-svarupam

“Os encontros amorosos de Sri Radha e Krsna são manifestações transcendentais da potencia interna outorgadora de prazer do Senhor. Embora Radha e Krsna sejam um em Suas identidades, Eles se separam eternamente. Agora essas duas identidades outra vez se juntaram na forma de Sri Krsna Caitanya. Presto minhas reverencias a Ele, que Se manifestou com o sentimento e compleição de Srimati Radharani embora Ele seja o próprio Krsna.”
Assim Potente e Potencia são o mesmo. Como eu disse fogo e calor. Não se pode dividir. , Assim Krsna e Seu poder, ambos são um.
assim Radha e Krsna de fato não são dois, porém no mundo de maya estamos habituados a que seja um dos dois, sakti e saktiman. Porem as escrituras nos advertem "Não pense que Radha e Krsna estão separados. Srimati Radhika é feminino e Krsna é masculino. Ele é o amante e ela a amada, Não pense assim, Você pensa assim, porém não é assim.
Krsna é muito poderoso Srimati Radhika é muito poderosa. Eles são o mesmo. Os dois corpos é apenas para desfrutar vilasa. Vilasa significa saborear a felicidades d'Eles. Vocês não podem imaginar.

Parece que Radha e Krsna são duas entidades separadas, amado e amada, como luxúria. Este tipo de pensamento necessariamente vem para aqueles que são almas condicionadas. Porem não devemos pensar assim. Eles de fato não estão separados. Apenas por misericórdia, para borrifar misericórdia sobre as pessoas do mundo, Eles se tornaram dois. E quando Eles se tornam um, é chamado de Caitanya Mahaprabhu e quando são dois: Radha e Krsna. Mas o que vem primeiro? Primeiro Ele é Um e depois Dois, ou será que Dois vem primeiro e Um vem depois. Quem vem primeiro? Nenhum vem primeiro, é cíclico, ambos são eternos. Vocês devem tentar realizar. Não é para pessoas comuns, iniciantes. Só os mais elevados. Não é para Prahlada Maharaja, ele é bhagavata, mas não é para ele. Nem para Hanuman, nem para os Pandavas, nem Uddhava."

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domingo, 21 de dezembro de 2014

Néctar de Srila Sridhar Maharaj

Extraído de uma conversa informal de Srila Sridhar Maharaj, ocorrida em 18 de maio de 1982, no Sri Caitanya Saraswat Math,  Navadwip - Índia.

Pergunta do devoto: Maharaj,  Como deve ser o eforço do sadhaka na prática de  vaidhi-bhakti?
Resposta de Sridhar Maharaj: Em vaidhi-bhakti o praticante deve seguir o programa como é recomendado nos Shastras e pelos Sadhus.  Com o tempo,  a pessoa irá de forma gradual encontrar  seu  próprio solo, e descobrir que está ganhando algum  terreno. Isso vai encorajá-­lo a continuar seu esforço em direção daquele reino mais elevado. E será ampliado quando ruchi (gosto consciente) se manifestar. Até o surgimento de ruchi o devoto pode submeter-se a algum programa pelo sadhu e shastra e obterá progresso com essa ajuda. Sravana-dasa (estágio de  escutar), varana-dasa (estágio de seleção) até o apana-dasa, o devoto dar-se-á ao incômodo dos problemas da vida prática ou sadhana-dasa. Quando o plano da auto-realização ou apadana-dasa iniciar, ele próprio será a garantia de  sua atividade. Sentirá isso por sí mesmo - bhava-bhakti - e  não será tirado desta posição.  Ele sentirá, "Estou vivenciando um típico romance de êxtase. De ruchi se progride para asakti (apego) e Bhava.
Através do serviço podemos obter coisas elevadas. Há muita coisa a ser considerada. Sacrifício, e ter. Pague por isso. Não o pagar em termos de dinheiro ou essas coisas. Mas em termos de sua própria pessoa. Render-se e ter. Dar, e conseguir. De como você dá, obterá algo similar.

ye yatha mam prapadyante
tams tathaiva bhajamy aham
mama varttmanuvarttante
manusyah partha sarvavasah

Efetivamente, disse o Senhor, " Não existe ninguém além de Mim; assim, mesmo que as pessoas paguem com coisas insignificantes, Eu dou-lhes na mesma  proporção."  Portanto, tudo culmina em Seu dizer final. Este é o  Seu jogo. "Mas, aqueles que seriamente Me querem — eles também têm que pagar por isto." Mas Ele é o Todo em Si mesmo. Ele dá inteiramente a si mesmo. Como Ele se dá, assim eles O consguem. Mostre o seu pequeno capital — você obterá Ele em retorno.

Srila Sridhar Maharaj, Ki Jay!!!

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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

QUALIFICAÇÕES DE UM DISCÍPULO

Aqui Krishna estabelece um padrão pelo qual poderemos compreender, de uma fonte fidedigna, o que é o que. O critério para medir a verdade ou a inverdade não deve provir de um plano vicioso e vulnerável, mas de um plano real. Para compreender isso, devemos possuir estas três qualificações: pranipat, pariprasna e seva. Pranipat significa que devemos render-nos a esse conhecimento, pois não se trata de um conhecimento ordinário, que possamos, como sujeitos, torná-lo nosso objeto, Ele é supra-subjetivo. Neste mundo material podemos ser os sujeitos, porém temos que nos converter em objetos para ser manipulados pelo supra conhecimento daquele plano.
Pranipat significa que a pessoa se aproxima de um mestre espiritual, dizendo-lhe: "Encerrei a experiência deste mundo externo. Não me sinto encantado por nada que pertença a este plano através do qual tenho viajado. Agora me ofereço exclusivamente em seu altar. Desejo obter sua graça". É nesse espírito, que devemos nos aproximar deste conhecimento superior.
Pariprasna significa indagação honesta, sincera. Não devemos questionar com tendência à discussão ou em humor de controvérsia, senão que todos nossos esforços devem concentrar-se em uma linha positiva para compreender a verdade, sem espírito de dúvida e suspeita. Devemos tratar de entender essa verdade com plena atenção, porque provem de um plano mais elevado de realidade, que nunca conhecemos.
Por último, encontra-se sevaya, ou serviço. Esta é a coisa mais importante. Não tentamos receber este conhecimento para obter ajuda daquele plano, e nem poderemos utilizar essa experiência para viver aqui; pelo contrário, devemos comprometer-nos a servir aquele plano. Unicamente com essa atitude poderemos aproximar-nos daquele plano de conhecimento. Devemos prestar serviço a este conhecimento superior. Não devemos fazer com que ele nos sirva. Senão, não nos será permitido entrar naquele domínio. O conhecimento absoluto não virá servir este plano inferior. Devemos oferecer-nos para que ele nos utilize, e não tentar utilizá-lo para nossos fins egoístas ou para satisfazer nossos propósitos inferiores.
Devemos dedicar-nos a esse conhecimento absoluto na modalidade de serviço. Ele não se ocupará em satisfazer nossos baixos instintos animais. Assim, pois, com essa atitude, poderemos buscar o plano do conhecimento verdadeiro e receber a compreensão apropriada, e então poderemos saber o que é o que e ter uma avaliação correta de nosso meio. Isto é cultura Védica. O conhecimento absoluto sempre se transmitiu tão-só por este processo, e nunca pela abordagem intelectual. Srila Prabhupada Bhaktisiddhanta costumava citar a analogia da abelha: o mel está dentro de um pote fechado com uma rolha e a abelha já pousou. Lambendo a garrafa a abelha tenta provar o mel. Assim como a abelha não pode saborear o mel enquanto lambe o pote de vidro por fora, tampouco o intelecto pode aproximar-se do mundo do espírito. Podemos pensar que o conseguimos mais isso não é possível. Há uma barreira que é como o vidro do pode. As conquistas intelectuais não são verdadeira aquisição de conhecimento superior. Só através da fé, da sinceridade e da dedicação, poderemos nos aproximar dessa dimensão superior e tornar-nos parte. Somente poderemos ingressar nesse plano superior se nos derem um visto e nos admitirem. Assim poderemos entrar nessa terra de vivência divina.
Portanto, um candidato deverá possuir essas três qualificações, antes de poder aproximar-se da verdade que se encontra no plano superior da Realidade Absoluta. Ele só pode aproximar-se da Verdade Absoluta com uma atitude de humildade, sinceridade e dedicação. Encontramos afirmativas similares no Srimad-Bhagavatam e nos Vedas. Nos Upanisads se diz: tad vijnanartham sa gurum evabhigacchet samit panih srotriyam brahma nistham - "Aproxima-te de um mestre espiritual. Não te dirijas a ele com uma atitude vacilante ou negligente, senão que com um coração limpo e fervoroso."

Extraído do Sri Guru e Sua Graça, de Srila SiridharMaharaj


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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O Yogi Equivocado
 (Palestra de Srila Bhaktivedanta Narayana Maharaja em Alachua, Flórida junho de 1999)

Havia um menino, que na infância deixou o lar, deixou os pais, para ser um yogi. Um yogi perfeito, desses que podem andar sobre a água, voar e tudo mais. E também que tudo o que ele dissesse acabaria acontecendo, seria a verdade infalível. Se ele dissesse para alguém: Sua doença vai curar. A pessoa ficaria logo curada. Se dissesse: Você vai morrer. A pessoa logo morreria. Ele desejava ser um yogi perfeito e foi praticar yoga com os yogis.

E assim, foi para uma floresta, aceitou como guru um yogi qualquer e praticou yoga por cem anos naquele lugar. Um belo dia, enquanto estava praticando yoga sob uma árvore, caiu excremento de passarinho sobre a sua cabeça. Muito irado, ele viu a ave agressora, e desejou fulminá-la com um olhar. E ao olhar para ela, a ave se incendiou imediatamente e caiu ao solo incinerada.

Ele ficou muito feliz e pensou: Agora sou um yogi perfeito! Posso conceder a bênção que desejar, posso amaldiçoar quem eu quiser. Tudo o que disser acontecerá!

Ao meio-dia, foi esmolar algo para comer, porque era um desprovido. Como os devotos. Chegou a uma vila, bateu numa porta e disse: Alarka niranjana. Em outras palavras, que o habitante daquela casa tratasse de providenciar algo para o seu sustento. O dono da casa e a esposa tinham tomado prasada e estavam repousando. O esposo estava deitado e a esposa o estava massageando, abanando, providenciando tudo para que ele tivesse uma boa soneca depois do almoço. Ela o estava servindo.

Nisso, o yogi apareceu gritando: Biksa, biksa, biksa me dê uma esmola.

Ela foi ver quem era, viu que era um yogi e respondeu:
Espere um pouco. Estou servindo ao meu esposo. Assim que ele dormir, irei atendê-lo e dar-lhe alguma coisa.

Mas o yogi ficou irado:
Olha, sou um yogi perfeito! Posso amaldiçoar você caso não me atenda imediatamente.
E olhou irado para ela, desejando queimá-la. Ela respondeu humildemente:
Eu não sou aquele passarinho, você não pode queimar-me.

Ele ficou atônito e decidiu esperar. Depois que ela acabou o serviço, saiu e perguntou o que ele desejava.
Bem, eu não quero nada. Só quero saber como você soube que eu queimei um passarinho.
Soube através do serviço ao meu esposo.
Quero saber mais detalhes sobre isso.
Mas agora eu não tenho tempo. Vá procurar outra pessoa.

E ela o encaminhou para uma outra pessoa, que por sua vez o encaminhou para outra e esta para outra... Afinal, ele foi procurar uma pessoa que lhe disse:
O que você fez a vida inteira?
Ora, pratiquei yoga, posso andar sobre a água!

E lá havia um rio, ele começou a caminhar sobre a água e milhares de pessoas ficaram atônitas ao vê-lo, mas aquela pessoa que ele havia procurado lhe disse:
Ora, essa sua yoga toda vale menos do que um tostão, menos que um centavo. É o quanto podemos dar para um barqueiro para atravessar o rio muito comodamente. Não precisamos nem ter o trabalho de andar. Então, o que você fez a vida toda? A sua yoga só vale um centavo, não serve para nada!

Acontece que o yogi havia ido para a casa de uma devota, e o esposo dela era Krsna. Ela estava fazendo Krsna dormir depois do almoço. Ela O massageava, abanava, cantava, para servir a Krsna. Como se Ele fosse o seu esposo.

Se vocês estiverem servindo a Krsna assim como ela, como alguém que serve o seu esposo, pode aparecer qualquer maha-yogi, pode aparecer qualquer pessoa importante, mas vocês não devem abandonar o serviço para atendê-la. Isso seria uma ofensa ao pés de lótus de Krsna.

Por isso vocês devem tentar compreender a filosofia dessa história. Quando estiverem cantando, vocês estão servindo a Krsna. Pensem sempre dessa maneira. E o seu esposo é muito poderoso. Se Ele estiver satisfeito, todo mundo estará satisfeito.

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sábado, 6 de dezembro de 2014

Srila Prabhupada Ensina

Dui jane prabhura krpa dekhi ‘bhakta-gane
Hari hari bale sabe nadita-mane

“Ao verem a misericórdia do Senhor para com os dois irmãos, todos os devotos ficaram muito contentes e puseram-se a cantar o santo nome do Senhor: “Hari! Hari!”

No significado deste sloka do Sri Chaitanya Caritamitra (C.c. Madhya-lila 1.218), Srila Swami Maharaj Prabhupada ensina o seguinte:

“Srila Narottama Dasa Thakura diz que chadiya vaishnava seva nistara oeche keba: a menos que alguém sirva um vaishnava, não poderá liberar-se. O mestre espiritual inicia o discípulo para liberá-lo.  Se o discípulo cumpre a ordem do mestre espiritual e não ofende outros vaishnavas, seu caminho está aberto.  Consequentemente, Sri Chaitanya Mahaprabhu pediu a todos os vaishnavas presentes que mostrassem misericórdia aos irmãos Rupa e Sanatana, por Ele recém iniciados.  Ao ver que outro vaishnava está recebendo a misericórdia do Senhor, o vaishnava fica muito feliz. 
Os vaishnavas não são invejosos.  Se, por sua misericórdia, o Senhor dota um vaishnava de poder para distribuir o santo nome d’Ele em todo o mundo, os outros vaishnavas ficam muito jubilosos — isto é, caso sejam vaishnavas de verdade.
Aquele que tem inveja do sucesso de um vaishnava com certeza não é um vaishnava, mas sim um homem comum e mundano.  Pessoas mundanas manifestam inveja e ciúmes, e não os vaishnavas. Por que deveria um vaishnava invejar outro vaishnava que é exitoso em propagar o santo nome do Senhor? O verdadeiro vaishnava fica muito satisfeito em aceitar outro vaishnava que esteja outorgando a misericórdia do Senhor.  Não se deve respeitar, mas sim rejeitar, uma pessoa mundana disfarçada de vaishnava.  Isto é prescrito nos shastras (upeksa).  A palavra upeksa significa menosprezo.  Deve-se rejeitar uma pessoa invejosa.  O dever do pregador é amar a Suprema Personalidade de Deus, fazer amizade com os vaishnavas, mostrar misericórdia para com os inocentes e rejeitar ou menosprezar aqueles que são invejosos ou ciumentos.
Existem muitas pessoas invejosas disfarçadas de vaishnavas no movimento para a consciência de Krishna, e deve-se rejeita-las completamente.  Não há necessidade de servir a uma pessoa invejosa disfarçada de vaishnava.  Ao dizer chadiya vaishnava seva nistara oeche keba, Narottama Dasa Thakura está indicando um vaishnava de verdade, e não uma pessoa invejosa ou ciumenta vestida de vaishnava.”

Gaura Premanande

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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

A Unidade e a Diversidade das Filosofias dos Quatro acharyas das Quatro Sampradayas

Extraído do Premapradipa, uma novela por Srila Bahaktivinoda Thakur

Naren Babu perguntou humildemente:
- Babaji Mahashaya, quantas são as seitas principais no vaishnavismo? Em que tópicos suas filosofias concordam?
Babaji disse:
- No vaishnavismo existem, na verdade, quatro sampradayas, Os nomes são: Shri-sampradaya, Madhva-sampradaya, Vishnusvami-sampradaya e a Nimbarka-sampradaya. Ramanujacarya, Madhvacarya, Vishnusvami e Nimbarkacarya são os pregadores iniciais destas quatro filosofias. Todos eles nasceram no sul da Índia. Todas as sampradayas concordam nos seguintes pontos:
(1)       O Senhor Supremo é o único sem um segundo. Ele possui potências transcendentais e controla todas as leis.
(2)       O Senhor Supremo tem uma maravilhosa forma espiritual todo-auspiciosa. N’Ele todas as contradições são reconciliadas maravilhosamente. Apesar d’Ele ter uma forma, Ele é todo penetrante. Apesar de estar situado em um lugar, Ele está simultaneamente em todos os lugares.
(3)       Tanto a criação animada quanto a inanimada nascem de Suas energias. Ele é o criador, mantenedor e destruidor do tempo, lugar e das leis.
(4)       A constituição da entidade viva é espiritual, mas pelo desejo do Senhor ela está condicionada pela natureza material, e desta maneira desfruta ou sofre conforme as leis da natureza material. No entanto, pelo processo de serviço devocional ela pode se libertar das algemas materiais.
(5)       Os caminhos de jñana e karma estão cheios de dificuldades. Quando jñana e karma servem aos propósitos de bhakti, não há discrepâncias. Mas, diferentemente de karma e de jñana, bhakti é completamente independente.
(6)       O dever da entidade viva é o de se associar com os sadhus e discutir o serviço devocional.

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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Néctar do Jaiva Dharma
(A Ciência da Alma)

Embora seja verdade que os sadhus também vivem neste mundo, há uma diferença significativa entre a vida terrena dos sadhus e a das jivas que estão iludi­das por maya. Apesar das vidas terrenas dos dois parecerem ser a mesma coisa do ponto de vista externo, interna­mente há uma diferença imensa. Além disso, a associação dos sadhus é muito rara, pois, muito embora sempre haja sadhus presentes neste mundo, o homem comum não con­segue reconhecê-los.
Há duas categorias de jivas que caem nas garras de maya. Umas estão totalmente absortas em prazeres munda­nos insignificantes, e tem este mundo material na mais alta estima. Outras, sentindo-se descontentes com os prazeres insignificantes de maya, empregam discernimento mais sutil na esperança de atingir uma qualidade superior de felicidade. Por conseguinte, podemos dividir as pessoas deste mundo em dois grupos: o daquelas que carecem da faculdade de distinguir entre espírito e matéria e o daquelas que possuem esta percepção espiritual.

Certas pessoas chamam dedesfrutadores dos sentidos materiais aqueles que carecem de semelhante percepção e de mumuksus, ou os que buscam a liberação, aqueles dota­dos de percepção. Ao usar aqui a palavra mumuksu, não me refiro aos nirbheda-brahma jnanis, aqueles que buscam o nirvisesa-brahma mediante o processo de conhecimen­to monista. Nos sastras védicos, são conhecidas como mumuksus as pessoas que estão aflitas diante das misérias da existência material, e buscam sua identidade espiritual verdadeira. O significado literal da palavra mumuksa é ‘desejo de mukti ’(liberação). Quando um mumuksu aban­dona este desejo de liberação e se dedica a adorar Sri Bhagavan, seu bhajana é conhecido como suddha-bhakti. Os sastras não mandam ninguém abandonar mukti. Ao con­trário, quando uma pessoa desejosa de liberação adquire conhecimento da verdade sobre Krsna e as jivas, ela liberta-se de imediato.


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sábado, 29 de novembro de 2014

Comportamento Humano Versus Comportamento Animalesco
(mais um néctar do Jaiva-Dharma)

O comportamento animalesco é descrito por nossos sábios Arianos, como tendo quatro propensões instintivas: ahara (comer), nidra (dormir), bhaya (temer) e maithuna (acasalar-se). A disposição humana é manifesta unicamente quando alguém supera estas propensões animalescas e de­senvolve a racionalidade (dharma-vrtti). Filósofos ociden­tais também declaram que os homens são seres racionais. No entanto, é essencial notar que o significado da racionali­dade na filosofia ocidental é consideravelmente limitada.

Na filosofia Ariana, a palavra dharma é extrema­mente abrangente. Somente num aspecto de seu signi­ficado, ela encerra o conceito filosófico ocidental de racionalidade e vai muito além e inclui a tendência de adorar a Deus. O dharma é a verdadeira característica que identifica a natureza humana, e as entidades vivas que são desprovidas de dharma são designadas como animais. Esta dito no Hitopadesa (25):

ahara-nidra-bhaya-maithunan ca
samanyam etat pasubhir naranam
dharmo hi tesam adhiko viseso
dharmena hinah pasubhih samanah


Os seres humanos são iguais aos animais na questão de comer, dormir, temer e acasalar. Ainda que, a qua­lidade da religião seja unicamente para os seres hu­manos. Sem religião, eles não são melhores do que os animais.

#ConsciênciaDespertaPREMA


sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Srila Sridhar Maharaj Ensina

O coração está cheio de diferentes amarras.  Nos amarramos com esta ou aquela idéia - milhares de idéias.  Estamos amarrados por:  “Gosto disso.  Gosto daquilo.  Gosto.”  Porém existe certo tipo de conhecimento que pode descender até nós internamente e que fará com que todas essas amarras sejam soltas de uma só vez.

Imediatamente descobriremos que tantas amarras são todas desnecessárias:  portanto soltem-nas, soltem todas.  São nossas inimigas.  Achávamos que eram amigas e queriam nos amarrar a elas.  Soltem!  Soltem!  Soltem!  Não são amigas - são todas inimigas - portanto todas amarras do coração devem ser rompidas.

#ConsciênciaDespertaPREMA
Raga-bhakti
Pérolas Devocionais do Jaiva Dharma 

Quando pessoas materialistas estão em con­tato com os objetos dos sentidos, elas naturalmente ficam profundamente atraídas por variedades infindáveis de des­frutes dos sentidos materiais. Este apego intenso no coração é chamado visaya-raga. Quando eles olham para a beleza de algum objeto, os olhos inquietam-se, e no coração, sur­ge uma atração (ranjakata) pela beleza do objeto e apego (raga) por ele.
Raga-bhakti é o estado no qual Krishna é o único objeto de raga. Srila Rupa Gosvami definou a palavra raga da seguinte maneira:

iste svarasiki ragah paramavistata bhavet tan-mayi ya 
bhaved bhaktih satra ragatmikodita
Bhakti-rasamrta-sindhu (1.2.272)

Raga é a insaciável sede de amor (prema-mayi-krsna), a qual desperta uma espontânea e intensa absorção
(svarasiki paramavistata) pelo objeto de afeição de uma pessoa. Ragamayi bhakti é realizar seva, tal como fazer guirlandas, com tal raga intensa.

Raga é a absoluta (parama) e exclusiva (svarasiki) absorção (avistata) em um objeto específico de adoração de uma pessoa. Quando a devoção por Krishna chega ao estágio de ragamayi, ela é chamada ragatmika-bhakti. Em resumo, pode ser dito que o intenso desejo por Krishna saturado com prema (prema-mayi) é chamado ragatmika-bhakti.

É auspicioso que a pessoa em cujo coração tal raga não tenha despertado se esforce por cultivar bhakti agindo de acordo com vidhi (regras e regulações dos Sastras). Os princípios que atuam em vaidhi-bhakti são medo, respei­to e reverência, enquanto que o único princípio ativo em ragatmika-bhakti é lobha, ou avidez, em relação à lila de Sri Krishna  

#ConsciênciaDespertaPREMA
Pérolas Devocionais do Jaiva Dharma 

No Jaiva Dharma, o shastra da Ciência da Alma, Srila Bhaktivinoda Thakur nos lega, entre milhares de outros, esse precioso ensinamento:

jiva kabhu jada naya, hari kabhu naya
hari saha jivacintya-bhedabhedamaya

"A jiva não é um produto da matéria inerte, nem é kevaladwaita, una por completo com Sri Hari. A jiva é inconcebivelmente igual e diferente de Hari."

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domingo, 23 de novembro de 2014

Somos Todos Um
- uma farsa ateísta -

Desafortunadamente, tenho lido com freqüência em diversas redes sociais da Internet a frase “Somos Todos Um”; encontrei até site e blog com esse nome além dos inúmeros vídeos veiculados no Youtube a divulgar essa sedutora doutrina para aquelas pessoas com tendências ateístas.  É o maivadismo levando os seus tentáculos até entre os assim chamados espiritualistas e universalistas brasileiros. Mesmo Shancaracharya, maior expoente da divulgação desse pensamento, no final da sua vida disse que estava enganando seus seguidores por um propósito necessário e que na verdade todos deveriam adorar e se render a Sri Hari, a Pessoa Suprema — Srila Prabhupada, Srila Sridhara Maharaj, Srila Narayana Maharaj e outros grandes mestres da nossa sampradaya frequentemente fazem referência a esse lado quase oculto de Sri Shancariacharya, que é o próprio Shiva, maior devoto de Krishna (Deus Pessoa).
Essa idéia do “Somos Todos Um” é condenada por todos os grandes mestres da sabedoria védica e vaishnava, iniciando por Sri Chaitanya Mahaprabhu, que é o próprio Krishna que descendeu para nos ensinar a importância do harinama sankirtana, o cantar dos santos nomes de Deus, passando por Srila Bhaktivinoda Thakur, considerado por todos o sétimo goswami, um dos maiores mestres da Consciência de Krishna da era moderna, também um santo de elevada erudição, assim aceito e reconhecido por aqueles que o sucederam.   Satcitananda Bhaktivinoda Thakur foi um dos pioneiros nos tempos atuais a denunciar e combater vigorosamente esse ateísmo disfarçado de espiritualidade elevada.
Ele, no seu livro Jaiva Dharma, a maravilha das maravilhas entre as literaturas vaishnavas, cita o ensinamento do nosso amado avatar dourado Sriman Mahaprabhu, no Sri Caitanya-caritamrita – Madhya 20.108:

Jivera svarupa haya-krsnera nitya-dasa
krsnera tatastha-sakti bhedabheda prakassa

“A natureza constitucional da jiva (do ser) é ser uma serva eterna de Krishna (Deus como Pessoa). Ela é a potência marginal de Krishna, e uma manifestação simultaneamente igual e diferente d’Ele.”

Nosso Thakur e sétimo goswami usou este sloka do Sri Caitanya Caritmrta como Bija-mantra (semente germinadora) do seu Jaiva Dharma, a jóia rara de nossa literatura Vaishnava.
Não vou me estender explicando todas as nuances desse sloka famoso porque tudo que tinha a ser dito a respeito está à disposição daquelas almas com o necessário sukrti para ter acesso a esse grandioso e definitivo shastra (livro sagrado).
Vou me ater apenas à palavra “bhedabheda”, que é à base de nossa filosofia e que significa “simultaneamente igual e diferente”.
Nós somos partes e parcelas de Krishna, ou sua energia marginal – tatastha shakti; em outras palavras somos uma centelha do Supremo Absoluto ou usando a definição da cosmologia judaico-cristã, somos filhos de Deus. Um filho é parte e parcela do seu genitor. Portanto somos igual a ele na constituição, nas qualidades.
Por outro lado, embora sejamos qualitativamente igual a Deus, somos quantitativamente extremamente menores e, portanto, diferentes. Somos diminutos Isvaras, não podemos controlar os outros e nem saber o que se passa com cada Jiva em particular, com cada ser individualmente. Krishna Deus, que se multiplica em muitos como Superalma dentro do coração de todos e em cada átomo, sabe. Para isso ser melhor assimilado e mais uma vez ajudando as mentes ocidentais, cito uma máxima judaico-cristã: Deus está no céu, na terra e em todo lugar. 
Para finalizar pergunto: como podemos ser uno ou igual a Deus se nem sequer conseguimos ainda realizar o primeiro degrau do conhecimento transcendental: “não somos o corpo”, ou seja, nem sequer sabemos quem somos?

Com afeto

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quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Quem é Autoridade na Ciência Védica?

No capítulo 15, texto Sete do Bhagavad-gita, o mais conhecido compêndio de instruções védicas em todo o planeta, Sri Krsna, o Supremo Absoluto (ou Deus, na linguagem ocidental), instrui:

sarvasya caham hridi sanisvisto
mattah smritir jñanam apohanm ca

"Estou sentado no coração de todos os seres vivos, e de Mim (DEUS) vem a recordação, o conhecimento e o esquecimento."

No verso acima está descrita a intuição pura, e ela é muito importante para quem manipula a ciência védica.   Mas ela deve ser adequadamente compreendida.  Podemos definir a intuição como uma orientação sutil vinda do interior, da Superalma divina localizada dentro do nosso coração.

É por essa razão que o Bhagavad-gita e muitos outros textos antigos afirmam que o instrutor seja uma pessoa religiosa de hábitos limpos, e que pratique algum tipo de sadhana ou exercício purificador, tal como a recitação diária dos mantras recebido de seu guru (mestre), cuja prática o tornará receptivo às instruções vindas do Supremo Absoluto, que se manifesta como Superalma no seu coração.

Os textos sagrados também alertam que o conhecimento védico só pode ser revelado por um mestre genuíno que esteja numa sucessão discipular fidedigna, em sânscrito denominada de parampara. 

Ao contrário do método ocidental, cujo aprendizado é feito usando os seus sentidos imperfeitos (não purificados), os estudantes da ciência védica recebem a instrução de forma distinta através da iniciação, momento em que o guru (mestre espiritual) concede diksa (conexão) ao discípulo e vai paulatinamente lhe transferindo shakti (poder espiritual, energia espiritual), na medida em que o discípulo avança em sua purificação praticando com sinceridade o seu sadhana (práticas devocionais) e cumprindo com votos feitos ao mestre no dia da sua iniciação.

O estudo acadêmico da ciência védica, de acordo com os próprios vedas, e corroborado pelos mestres védicos, não confere autoridade e nem conhecimento fidedigno a tal praticante.  O que dizer do aprendizado retirado de livros, de fontes duvidosas, ou de cursinhos preparatórios de caráter puramente mercantil?

- o -
Autor: Swami B. S. Radhanti Maharaj é discípulo de Srila Govinda Maharaj, que é discípulo de Srila Sridhar Maharaj, que é discípulo de Sirla Saraswati Maharaj, que é discípulo de Srila Gaurakishora Dasa Babaji, que é discípulo de Srila Bhaktivinoda Thakur, que é discípulo de Srila Jaganatha Dasa Babaji..., e assim por diante, numa sucessão que se iniciou há 5.000 anos com o próprio Sri Krsna e foi restabelecida no século XV pelo mais magnânimo de todos avatares, Sri Chaitanya Mahaprabhu, conhecido como Gauranga, o Avatar Dourado de Amor Divino.

PS:  A nota referente ao autor foi escrita pelo jornal.


segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Como surgiu Papapurusha

Certa vez, o grande sábio Jaimini, disse ao seu mestre espiritual:

"Ó gurudeva! Anteriormente por sua misericórdia, o senhor descreveu para mim a história das glórias do rio Ganges, os benefícios da adoração a Sri Vishnu, a doação de grãos em caridade, a doação de água em caridade, a magnanimidade de se aceitar a água que foi usada para lavar os pés dos brahmanas. Ó melhor dos sábios, Sri Gurudeva, agora com grande entusiasmo, desejo ouvir sobre os benefícios de se jejuar no Ekadasi e do aparecimento de Sri Ekadasi."

"Ó Gurudeva, Quando Ekadasi nasceu e de quem ele apareceu? Quais as regras de jejuar no dia de Ekadasi? Por favor, descreva os benefícios de se seguir este voto e quando ele deve ser seguido. Quem é a maior deidade adorável de Sri Ekadasi? Quais são os erros de não se seguir Ekadasi corretamente? por favor, deposite sua misericórdia sobre mim e me diga sobre estes assuntos, pois o senhor é a única personalidade capaz de fazê-lo."
Srila Vyasadeva ouvindo estas perguntas de seu discípulo Jaimini, situou-se em transe transcendental e respondeu:

"Ó brahmana sábio Jaimini, Os resultados de se seguir Ekadasi podem ser perfeitamente descritos pelo Senhor Supremo, Narayana, pois Sri Narayana é a única personalidade capaz de descrevê-los na sua totalidade. Mas eu darei uma breve descrição em resposta a sua indagação."

No começo da criação material, o Senhor Supremo criou as entidades vivas móveis e imóveis dentro deste mundo feito de cinco elementos grosseiros materiais. Simultaneamente para o propósito de punir os seres humanos, Ele a personalidade cuja forma foi a incorporação do pecado (Papa-purusha). Os diferentes membros desta personalidade foram construídos de várias atividades pecaminosas: sua cabeça foi feita do pecado de assassinar um brahmana, seus olhos tiveram a forma do pecado de tomar intoxicantes, sua boca foi feita do pecado de ter conexão ilícita com a esposa do mestre espiritual, seu nariz do pecado de matar sua própria esposa, seus braços a forma do pecado de matar uma vaca, seu pescoço feito de pecado de roubar a riqueza acumulada de outrem, seu peito do pecado do aborto, seu baixo tórax do pecado de ter sexo com a mulher de outro, seu estômago do pecado de matar seus parentes, seu umbigo do pecado de matar aqueles que são seus dependentes, seu pulso do pecado da auto-apreciação, suas coxas do pecado de ofender o guru, sua genitália do pecado de vender sua filha, suas nádegas do pecado de contar assuntos confidenciais, seus pés do pecado de matar seus pais e seu cabelo das formas das menos severas atividades pecaminosas. Desse modo uma personalidade horrível incorporando todas as atividades pecaminosas e vícios foram criadas, a cor de seu corpo é preta, seus olhos são amarelos. “Ele impõe extrema misericórdia pelas pessoas pecadoras.”

"A Suprema personalidade de Deus, o Senhor Vishnu, vendo esta personalidade do pecado, começou a pensar o seguinte: 'Eu sou o criador das misérias e da felicidade das entidades vivas. Eu sou seu mestre porque criei esta personalidade do pecado; que é quem dá sofrimento para todas as pessoas desonestas, trapaceiras e pecadoras. Agora Eu devo criar alguém que controlará esta personalidade. ' Nesta época, Sri Bhagavam criou a personalidade de Yamaraja e os diferentes sistemas planetários infernais. Aquelas entidades vivas que são pecaminosas serão enviadas depois da morte para o reino de Yamaraja que por sua vez, de acordo com seus pecados, enviar-los-ão a região infernal apropriada para sofrer. '"

“Depois de terem sido feitos ajustes, o Senhor Supremo, que é quem dá a desgraça ou felicidade às entidades vivas, foi à morada de Yamaraja, com ajuda de Garuda, o rei dos pássaros”.
Quando Yamaraja viu que o Senhor Vishnu tinha chegado, ele imediatamente lavou os pés Dele e fez uma oferenda cerimonial a Ele, então fê-lo sentar num trono dourado. O Senhor Supremo, Sri Vishnu, ficou sentado no trono dourado de onde Ele escutou uns sons de choro muito alto vindo da direção sul. Ele surpreendeu-se com isto e perguntou a Yamaraja: 'De onde este choro alto está vindo?"

"Yamaraja em resposta disse: 'Ó Deva! As diferentes entidades vivas dos sistemas planetários da terra caíram nas regiões infernais, elas estão sofrendo extremamente por suas ações erradas. O horrível choro é por causa do sofrimento das reações de suas más ações do passado. '"

"Depois de escutar isto o Senhor Supremo, Sri Vishnu, foi à região infernal do sul, quando os habitantes viram quem tinha chegado, eles começaram a chorar mais alto ainda. O coração do Senhor Supremo, Sri Vishnu, tornou-se cheio de compaixão. O Senhor Vishnu Pensou: 'Eu criei toda esta progênie e é por minha causa que eles estão sofrendo. '"
"Srila Vyasadeva continuou: "Ó Jaimini, apenas ouça o que o Senhor Supremo fez em seguida: Depois Dele ter refletido sobre o que previamente considerou, Ele imediatamente manifestou de sua própria forma a deidade do dia lunar de Ekadasi. Em seguida as diferentes entidades vivas pecadoras, começaram a seguir o voto de Ekadasi e foram então elevadas rapidamente para a morada Vaikunta. Ó minha criança Jaimini, então o dia lunar de Ekadasi é a mesma forma do Senhor Supremo, Vishnu, que é a Superalma do coração das entidades vivas. “Sri Ekadasi é a ultima atividade e está situada como a cabeça entre todos os votos.”

"Seguindo a ascensão de Sri Ekadasi, aquela personalidade que é a forma da atividade pecaminosa, gradualmente viu a influência que ela tinha. Ele aproximou-se do Senhor Vishnu, com dúvidas em seu coração e começou a oferecer muitas preces, com as quais o Senhor Vishnu ficou muito satisfeito e disse: 'Eu tornei-me muito satisfeito com suas lindas preces. Qual é a dádiva que você quer? '"

“O Papapurusha respondeu: ‘Eu sou Sua progênie criadora, e é através de mim que Você quis o sofrimento dado às entidades vivas que são muito pecaminosas. Mas agora, pela influência de Sri Ekadasi eu tornei-me destruído. Ó Prabhu, depois da minha morte, todas as suas partes e parcelas que aceitaram corpos materiais, tornar-se-ão liberadas e assim retornarão à morada Vaikunta. Se essa liberação de todas as entidades vivas acontecer, então quem continuará Suas atividades? Não haverá ninguém para desempenhar os passatempos nos sistemas planetários da terra. Ó Kesava, se Você quer que estes passatempos eternos continuem, então, por favor, salve-me do temor de Ekadasi. Nenhum tipo de atividade piedosa pode atar-me, mas apenas Ekadasi, sendo sua forma manifesta pode impedir-me. Fora o temor de Sri Ekadasi eu escapei e defendi-me dos homens, animais, insetos, montanhas, árvores, entidades vivas móveis e imóveis, rios, oceanos, florestas, sistemas planetários celestiais, terrestres, infernais”, semideuses e os gandharvas. '"

"'Eu não posso encontrar um lugar onde possa estar livre do temor a Sri Ekadasi. Ó meu mestre, Eu sou um produto de sua criação, portanto muito misericordiosamente indique-me um lugar onde eu possa morar sem medo. '"

Srila Vyasadeva disse a Jaimini: "Depois de dizer isso, a incorporação das atividades pecaminosas (Papa-purusha) caiu aos pés do Senhor Supremo, Sri Vishnu, que é o destruidor de todas as misérias e começou a chorar."

"Depois disso o Senhor Vishnu, observando a condição de Papa-Purusha, com riso, começou a falar assim: 'Ó Papa-purusha, levante-se! Não se lamente mais. Apenas ouça e Eu lhe direi onde você poderá ficar no dia lunar de Ekadasi. No dia de Ekadasi, que é o benfeitor dos três sistemas planetários, você poderá tomar conta de víveres em forma de grãos. Não há razão para preocupar-se mais sobre isto, porque Minha forma como Ekadasi não o impedirá mais. ' Depois de dar a direção ao Papa-purusha o Senhor Supremo desapareceu, e o Papa-purusha voltou a executar suas próprias atividades."

"Conseqüentemente, aquelas pessoas que são sérias sobre o benefício último para a alma, nunca comerão grãos em Ekadasi. De acordo com as instruções do Senhor Vishnu, todo tipo de atividades pecaminosas que podem ser encontradas no mundo material tomam sua residência na forma de grãos alimentícios. Quem seguir Ekadasi está liberto de todos os pecados e nunca entrará nas regiões infernais. Mas se a pessoa não seguir Ekadasi por causa da ilusão, ela é considerada a pior pecadora. Por cada bocado de grãos que é comido em Ekadasi por um residente da região terrestre, recebe-se a reação de assassinar milhões de brahmanas! É definitivamente necessário que se deixe de comer grãos em Ekadasi. Eu digo novo mui fortemente; em Ekadasi não comei grãos! seja a pessoa um ksatrya, vaishya, sudra ou de qualquer família, ele deve seguir o dia lunar de Ekadasi. Disso a perfeição de varna e ashama será atingida. Especialmente, até mesmo se por trapaça, uma pessoa seguir o voto de Ekadasi, todos os seus pecados serão destruídos e ela facilmente atingirá a meta suprema, a morada Vaikunta."

Padma purana, 14 capítulo, seção kriya-sagara-sara.